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domingo, 22 de agosto de 2010

O CASO SAKINEH E A HIPOCRISIA DA IMPRENSA BRASILEIRA

Se o brasileiro que está lá fora procurar saber como está o Brasil através dos jornais O globo e a Folha de São Paulo vai ficar deprimido e sem nenhuma vontade de retornar. Desde que o metalúrgico assumiu o poder, para espanto da elite e horror da Fiesp, esses dois jornais, afinados com as recomendações do já desacreditado "Consenso de Washington" (recomendações econômicas que deveriam ser aplicadas pelos países latinos para consolidar o neoliberalismo), preocupadíssimos com o crescimento e a atuação cada vez mais madura das organizações sindicais, encaram a popularidade do seu maior líder como a grande ameaça ao neoliberalismo capitaneado pelas multinacionais e financistas. Então, a ordem é não dar descanso ao governo petista, é preciso aproveitar qualquer assunto para desgastar sua imagem e arrefecer sua força.


Nos primeiros momentos, tentaram ridicularizar o linguajar simples, que chamam de chulo e vulgar, de um ex-boia fria do interior e, ainda por cima, nordestino, em contraposição à erudição, ao refinamento cultural do acadêmico Fernando Henrique, que iniciou um processo de abertura econômica nos moldes recomendados pelos americanos. Depois, as constantes denúncias pondo em dúvida processos licitatórios e críticas à contratação de pessoal, que consideram inchaço da máquina e aparelhamento do Estado com a pelegada. Mais recente, assustados com os fabulosos fundos de pensão dos trabalhadores e sua imersão no mercado de ações, apontam o perigo do que chamam patrimonialismo sindical e sua influência no governo. Estão apavorados com essa consciência de classe e a ousadia do trabalhador competir no mundo capitalista e daí conquistar o poder de questionar o sistema no mesmo nível daqueles que desde os tempos coloniais mandaram no país.


Há dois meses, usando um hipócrito sentimento humanitário, exploraram a greve de fome de dissidentes cubanos para atacar o regime e colocar Lula numa "calça justa" (Lula não usa saia). Mas são benevolentes em relação à terrível prisão em Guantánamo, onde o governo americano mantém, sob tortura, mulçumanos presos sem culpa formal e sem direito à defesa.


Depois que o presidente Lula tentou estabelecer, junto com a Turquia, um diálogo com o Irã em busca de uma saída para o impasse a respeito do desenvolvimento de energia nuclear, O Globo não se cansa de menosprezar a diplomacia brasileira, chamando-a de "diplomacia terceiromundista" e "diplomacia do B", por manter relação com país que não respeita os direitos hmanos.


Agora, o assunto do dia é a condenação da iraniana Sakineh ao apedrejamento, acusada de adultério e assassinato. Aí, o "sentimento cristão" do pessoal do Globo aflora e, tomado de indignação, aproveita para dizer que Lula, por motivação eleitoral, faz jogo político ao se dispor a receber a iraniana e salvá-la do terrível castigo, tradição que vem desde os tempos de Cristo entre o povo judeu. Mas, convenhamos, quantos prisioneiros americanos, negros e pobres, estão hoje esperando o momento de execução, que já foi na cruel cadeira elétrica e hoje, "mais humano", através de uma injeção letal, acompanhada de plateia? E o que dizer sobre milhares de civis, mães, crianças e jovens mortos pelo sofisticado arsenal americanos no Iraque e no Afeganistão? Não tem jeito, para essa imprensa tendenciosa Lula é uma ameaça ao humanismo e ao capitalismo. Por isso, pau nele o tempo todo. O que importa são as versões, não o fato.

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