.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O GLOBO ESCANCARADO E O CASO PROCONSULT

Por Armando Barreto

Como prometi na semana passada, retorno à crítica em relação ao jornal O Globo, que já não consegue mais dissimular sua campanha em favor do pré-candidato José Serra (PSDB), comprometendo sua decantada isenção no exercício da opinião e da informação.
A ordem no jornal é que todos estejam alinhados, bater no governo Lula e em Dilma Rousseff o tempo todo, explorando, sempre que possível, aspectos negativos a respeito deles e enaltecer a figura de Serra. Para essa tarefa, além das matérias em geral sobre eventos, criou uma poderosa equipe que cumpre rigorosamente o papel que lhe foi imposto: Merval Pereira, Miriam Leitão, Ricardo Noblat e Arnaldo Jabor (tropa de choque, os mais contundentes), os articulistas mais coerentes Carlos Alberto Sardenberg, Elio Gaspari, Nelson Motta, Demétrio Magnoli, Roberto DaMatta e Luiz Garcia. George Vidor, Veríssimo e Zuenir Ventura são personalidades independentes acima de qualquer suspeita no jornalismo, em paz com suas consciências, realmente livres e isentos, embora os dois últimos escapam falando sobre amenidades.
Desde a ditadura, quando teve expressivo financiamento do grupo americano Time Life para colocar a TV na vanguarda e se afinar com os interesses de Tio Sam, o Sistema Globo alimenta forte paranóia em relação ao movimento de esquerda. Quem tem mais de 40 anos e ficou ligado na eleição de Brizola ao governo do Rio de Janeiro em 1982, deve se lembrar do caso Proconsult, a estranha empresa contratada pela Justiça Eleitoral para fazer a computação dos votos apurados e que, com apoio de gente importante simpática ao regime militar e da Central de Jornalismo da Globo, comandada pelo recém-falecido Armando Nogueira, tentou fraudar a eleição que sinalizava a vitória de Brizola (PDT).
Isso foi possível porque, na época, como o eleitor só podia votar em um mesmo partido, a quantidade de votos em branco e nulo foi enorme. Esses votos iam sendo transferidos para o candidato Moreira Franco do PDS (antiga arena). Isso só foi descoberto a tempo graças a um delegado (Corregedor) honesto designado para acompanhar o polêmico pleito, que mandou alertar Brizola de algo estranho acontecendo. O Jornal do Brasil que também computava os votos, constatou a veracidade da fraude e Brizola resolver botar a boca no mundo, dando entrevista para a imprensa estrangeira e denunciando o caso a organismos americanos e europeus. O PDT, então, contratou a Sysin Sistemas e Serviços de Informática para acompanhar a contagem dos votos. Independente, o JB vinculou o jornal O Globo à falcatrua e o jornalista Armando Nogueira fugiu da panela quente, indo para a filial da Globo em São Paulo. Quem deu aprofundadas informações sobre isso foi o grande Hélio Fernandes (Tribuna da Imprensa) e posteriormente jornalistas da própria Globo, como Paulo Henrique Amorim, Eliaquim Araújo e Maria Helena Passos. O povão, de tão revoltado, começou a reagir atacando a pedradas carros da empresa pelas ruas, inclusive fazendo manifestação em frente à sua sede com faixas: -“O povo não é burro, abaixo a Rede Globo!”.
Outra tentativa de interferir nas eleições foi no debate televisivo entre Collor e Lula. A Globo explorava as coisas boas de Collor e sempre deixava a impressão de que Lula seria um perigo. Agora, continua com essa “liberdade de opinião isenta”, mas nunca enxergando virtudes no governo petista, e que Dilma é autoritária e Serra o candidato mais experiente.


PROVA CABAL DA MANLANDRAGEM ENVERGONHADA

Demonstrando grande apreensão em relação à possível vitória da petista Dilma Rousseff, o Sistema Globo escancara mais ainda seu apoio a Serra, ao produzir um filme, que seria exibido por vários dias em horário nobre, em que atores mais importantes e populares do elenco de sua televisão aparecem soltando frases curtas, como num jogral, de um texto, em esperta e vibrante conexão, tendo como enfoque a dissimulada comemoração dos 45 anos de fundação da TV Globo, “coincidentemente” o número do partido do candidato e ainda com o slogan de Serra “o Brasil pode mais”. Vejam se o doloso jingle não é uma escancarada campanha eleitoral pró-Serra:

Nova idade com mais vontade de querer ainda mais...
qualidade! Emoção? Mais (...) Mais informação?
A gente é capaz (...) Todos queremos mais educação,
Saúde (,,,) Brasil? Muito mais”.


Tão logo o PT denunciou isso na internet em entrevista, a Rede Globo suspendeu sua veiculação, para não configurar sua tendenciosa armação.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home