O CORO DAS CIGARRAS
Enquanto a cidade agita-se e preocupada fica com a ameaça de perder bilhões de reais provenientes dos royalties do petróleo, o Coro das Cigarras busca também um tempo para reflexões mais profundas do que a plataforma submarina, onde há riquezas do espírito a serem buscadas e vividas.
Assim, cultivando sempre o belo e edificante, como quem extrai a essência perfumada das flores e ressalta o sentimento e a sensibilidade daqueles que são capazes de fazer deles uma arte, a arte do dizer poético, o Coro das Cigarras comemorou o Dia Nacional da Poesia homenageando o poeta Sonilton Campos, recentemente falecido em Brasília, onde foi residir depois de longos anos participando ativamente da vida cultural de Macaé. Entre muitos dos belos sonetos publicados, o que vai a seguir mostra o rigor métrico, a sutileza da inteligência e sua versatilidade cultural.
Ele foi premiado em concurso do programa “César de Alencar” e lido, no rádio, em 25/05/1955, pelo poeta J.G. de Araújo Jorge:
Assim, cultivando sempre o belo e edificante, como quem extrai a essência perfumada das flores e ressalta o sentimento e a sensibilidade daqueles que são capazes de fazer deles uma arte, a arte do dizer poético, o Coro das Cigarras comemorou o Dia Nacional da Poesia homenageando o poeta Sonilton Campos, recentemente falecido em Brasília, onde foi residir depois de longos anos participando ativamente da vida cultural de Macaé. Entre muitos dos belos sonetos publicados, o que vai a seguir mostra o rigor métrico, a sutileza da inteligência e sua versatilidade cultural.
Ele foi premiado em concurso do programa “César de Alencar” e lido, no rádio, em 25/05/1955, pelo poeta J.G. de Araújo Jorge:
CÍRCULO VICIOSO
Mirando o seu colar, uma mulher dizia:
- Quem me dera tivesse esta beleza rara,
este único fulgor, que a nada se compara!”
Mas o colar, após ouvir essa euforia:
Quisera ser perfume, aroma ser um dia,
Viajar pelo infinito, onde jamais viajara
Extrato sem valor, essência menos cara!”
E o perfume, num frasco, ouvida a alegoria:
- Viajar? Enclausurado aqui, sem ar, sem nada,
prefiro ser a flor. É livre e tem perfume.”
Mas uma flor, tomando o fio da meada:
- Tolos! Pois eu desejo, um dia, se puder,
ser aquela que tudo a que aspirais resume,
a flor mais perfumada e bela: ser Mulher!”
Mirando o seu colar, uma mulher dizia:
- Quem me dera tivesse esta beleza rara,
este único fulgor, que a nada se compara!”
Mas o colar, após ouvir essa euforia:
Quisera ser perfume, aroma ser um dia,
Viajar pelo infinito, onde jamais viajara
Extrato sem valor, essência menos cara!”
E o perfume, num frasco, ouvida a alegoria:
- Viajar? Enclausurado aqui, sem ar, sem nada,
prefiro ser a flor. É livre e tem perfume.”
Mas uma flor, tomando o fio da meada:
- Tolos! Pois eu desejo, um dia, se puder,
ser aquela que tudo a que aspirais resume,
a flor mais perfumada e bela: ser Mulher!”
Há quinze anos esse Coro das Cigarras, formado por poetisas e mestras que se dedicaram à educação de algumas gerações em Macaé, mensalmente reúnem-se em volta de uma mesa, com muitos salgados e bolos caseiros, onde não falta, como na tradição inglesa, o chá das cinco. A residência é de dona Laurita de Souza Moreira, descendente de tradicional família macaense, que, quando criança e filha do então prefeito Sizenando Fernandes de Souza (1924-1927 e 1927-1930), teve o privilégio de acompanhar a comitiva que recepcionou a vinda do presidente Washington Luiz (o paulista de Macaé) à cidade.
Vejam o que acham estas três cigarras sobre essa degustação literária:
Ivânia Ribeiro: -“Nosso grupo consegue conciliar realidade e poesia, atualidade e sensibilidade. Fazemos versos sobre a cidade, a mulher, a criança, as datas comemorativas... Esse espaço é um espaço de união e resistência. Algumas cigarras já partiram e viraram estrela no céu, mas outras cigarras surgem preocupadas com a memória do município e a valorização dos que fazem poesia por amor à vida”.
1 Comentários:
Parabéns ao Coro das Cigarras, que faz de Macaé um lugar mais lindo e mais humano. Mil beijos à minha Tia Laurita, de quem tenho lindas recordações da infância na casa das 7 janelas e a honra de tres poemas seus para meus filhos, Teo e Niki.
Com carinho, Ana Paola
Por A, às 3 de agosto de 2010 às 22:31
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