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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A UTOPIA DE MARINA E SEUS VERDES

Marina Silva, seguida pela quase totalidade das lideranças do Partido Verde, resolveu optar pelo que chama de independência (ou melhor, neutralidade) neste momento histórico em que renhidas forças de orientação neoliberal e socialista disputam a presidência do Brasil.

Certamente avaliou que os quase 20 milhões de votos dados ao partido poderão ficar congelados até 2014, como num banco genético, quando servirão de base para se multiplicar em milhões de seu DNA numa nova eleição. Uma decisão arriscadíssima, como filosofou Heráclito, dada a fluidez das coisas, principalmente em relação ao sentimento do eleitor e as incertezas de um novo momento político daqui a quatro anos. E, com certa dose de vaidade, a maioria das lideranças crê numa vertente purista, imaculada, por isso não pode se misturar com os outros, os chamados desenvolvimentistas e conservadores. Mas não pensaram assim os pragmáticos verdes de São Paulo, atraídos por cargos e as futuras benesses do governador eleito, Alckmin.

Ora, é preciso não esquecer as raízes históricas e genuínas do que chamamos de esquerda e direita na Revolução Francesa, quando membros do chamado Terceiro Estado (pró República contra a Monarquia) sentaram à esquerda do rei enquanto os do clero e da nobreza se sentaram à direita na Assembleia dos Estados Gerais. Embora na ditadura militar esquerda ficou com o estigma de comunista, o conceito hoje, na verdade, significa uma opção pelos mais fracos, pelos excluídos do desenvolvimento gerado pelo capitalismo concentrador, da natureza dos neoliberais.

Com essa postura, em cima do muro, Marina e os verdes que a seguem vão continuar em busca da Utopia de Thomas Morus, um lugar onde vive uma sonhada sociedade ideal, sem corrupção e dirigida por pessoas sábias, assim como queria A República elitista platônica, com sua Callipolis (cidade bela). Sonhar é bom. Mas no campo ideológico o sonhador fica no meio do caminho. Portanto, fica evidente que Marina se preocupou em preservar seu nome, sem analisar que os 20 milhões de votos vão se dispersar e já não serão, a rigor, mais seus. É lamentável essa decisão, principalmente porque seu aprendizado histórico e sua consciência política se despertaram no exercício do contraditório dentro do PT, o que seria difícil de imaginar no ambiente dos tucanos e democratas.

De seringueira nas matas do Acre ao lado de Chico Mendes, chegou a ser ministra do Meio Ambiente, projetando seu brilho como mulher determinada, corajosa, ética e afinada com a defesa dos excluídos, como ela foi. Então, se houve conflitos com o PT ou com a ex-ministra Dilma, seria hora de se buscar reparos num novo projeto de governo, porque a gente aprende fazer fazendo, consolidando o conhecimento com a prática do ensaio e erro.

Posso me equivocar, mas é bem provável que o nosso deputado federal dr. Aluízio, eleito com expressiva votação, não vai fazer como Gabeira e os verdes em São Paulo, seguindo os representantes daquela ultrapassada e excludente política do café-com-leite, quando a elite de São Paulo e |Minas Gerais se uniam para manter seus privilégios.

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