MISTO QUENTE
POPULISTA: Enquanto se sentia senhor da situação, com 40% de aprovação popular, Serra manteve-se ético, incapaz de criticar Lula. Despencando nas pesquisas, veio o desespero e a fera contida se soltou. Pior, depois chamar de populismo o Bolsa Família e atacar os gastos do governo, agora, em última carta, demagogica e irresponsavelmente promete ao povão salário mínimo de R$ 600, um inusitado 13º para os beneficiários do Bolsa Família e ainda 10% de correção salarial para os aposentados.
O VACILANTE STF: No futebol, seria chamada de marmelada, se houvesse algum a ser beneficiado com um escore de 5 x 5. Mas no ambiente refrigerado e atapetado da maior instância do poder judiciário, que nome imputar à inusitada decisão de suas excelências, com votação empatada sobre a aplicação da Ficha Limpa? Medo em relação ao conflito legal ou dos políticos e do povo. Se fosse no Direito consuetudinário, fundado nos usos e costumes, certamente Joaquim Roriz e muitos outros estariam fora das eleições e os magistrados não precisariam vacilar em relação à letra da lei.
CLUBE MILITAR: Depois de 21 anos amordaçando os meios de comunicação, estranhíssima essa afinidade dos militares aos meios de comunicação da oposição para “discutir ameaças à liberdade de imprensa”, como aconteceu no Clube Militar, no Rio. Isso está parecendo ensaio de golpe, uma nova “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, ainda mais com O Globo dando força ao evento. Lembram-se do caso Proconsult, quando esse jornal teve participação na tentativa de fraude para inviabilizar a eleição do então candidato a governador Brizola, em 1982? Pois é, o Sistema Globo vem de longe defendendo a velha política do “café-com-leite” e se deu bem na ditadura, quando conseguiu, através de nebuloso contrato em conflito com a Constituição Federal, milhões de recursos e assistência técnica do grupo americano “Time-Life” para criar a poderosa TV Globo. Antes, o medo era em relação a João Goulart, que ajudou a derrubar, e agora é o pavor de ver Lula consolidar o que ela chama de “República Sindicalista”.
VANDRÉ MORREU: Vi na Globonews Geneton Moraes Neto entrevistando o compositor e cantor Geraldo Vandré. Sempre reticente e fugidio nas respostas, vi com profunda tristeza e frustração um homem acabado, sem nenhuma vontade de se conectar com o mundo e a MPB, imerso em suas entranhas, protegidas por intransponível muralha. Nada parece entusiasmar aquele que foi autor do revolucionário hino de protesto, “Pra não dizer que não falei de flores – Caminhando”, que deixou a ditadura militar babando de raiva e a juventude oprimida encantada.
Autor de muitas lindas músicas, em 1966 ganhou o Festival da Record com “Disparada”, projetando o cantor Jair Rodrigues. Perseguido, depois de passar pelo Chile, Argélia e Alemanha, onde fez muitos shows, sumiu de circulação depois de voltar do exílio em 1973. Estranhamente, contrariando o que se comentava no Brasil, diz que não foi torturado e que nunca foi antimilitarista. Mas seu profundo silêncio denuncia que algo muito violento aconteceu na cabeça do homem, pois hoje, ao completar 75 anos, está recolhido em um quarto na Aeronáutica. Foi triste vê-lo por trás, com a cabeleira branca e grande, alquebrado, subindo lentamente a escada rumo ao seu aposento no Clube da Aeronáutica, seu atual “refúgio”.
O VACILANTE STF: No futebol, seria chamada de marmelada, se houvesse algum a ser beneficiado com um escore de 5 x 5. Mas no ambiente refrigerado e atapetado da maior instância do poder judiciário, que nome imputar à inusitada decisão de suas excelências, com votação empatada sobre a aplicação da Ficha Limpa? Medo em relação ao conflito legal ou dos políticos e do povo. Se fosse no Direito consuetudinário, fundado nos usos e costumes, certamente Joaquim Roriz e muitos outros estariam fora das eleições e os magistrados não precisariam vacilar em relação à letra da lei.
CLUBE MILITAR: Depois de 21 anos amordaçando os meios de comunicação, estranhíssima essa afinidade dos militares aos meios de comunicação da oposição para “discutir ameaças à liberdade de imprensa”, como aconteceu no Clube Militar, no Rio. Isso está parecendo ensaio de golpe, uma nova “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, ainda mais com O Globo dando força ao evento. Lembram-se do caso Proconsult, quando esse jornal teve participação na tentativa de fraude para inviabilizar a eleição do então candidato a governador Brizola, em 1982? Pois é, o Sistema Globo vem de longe defendendo a velha política do “café-com-leite” e se deu bem na ditadura, quando conseguiu, através de nebuloso contrato em conflito com a Constituição Federal, milhões de recursos e assistência técnica do grupo americano “Time-Life” para criar a poderosa TV Globo. Antes, o medo era em relação a João Goulart, que ajudou a derrubar, e agora é o pavor de ver Lula consolidar o que ela chama de “República Sindicalista”.
VANDRÉ MORREU: Vi na Globonews Geneton Moraes Neto entrevistando o compositor e cantor Geraldo Vandré. Sempre reticente e fugidio nas respostas, vi com profunda tristeza e frustração um homem acabado, sem nenhuma vontade de se conectar com o mundo e a MPB, imerso em suas entranhas, protegidas por intransponível muralha. Nada parece entusiasmar aquele que foi autor do revolucionário hino de protesto, “Pra não dizer que não falei de flores – Caminhando”, que deixou a ditadura militar babando de raiva e a juventude oprimida encantada.
Autor de muitas lindas músicas, em 1966 ganhou o Festival da Record com “Disparada”, projetando o cantor Jair Rodrigues. Perseguido, depois de passar pelo Chile, Argélia e Alemanha, onde fez muitos shows, sumiu de circulação depois de voltar do exílio em 1973. Estranhamente, contrariando o que se comentava no Brasil, diz que não foi torturado e que nunca foi antimilitarista. Mas seu profundo silêncio denuncia que algo muito violento aconteceu na cabeça do homem, pois hoje, ao completar 75 anos, está recolhido em um quarto na Aeronáutica. Foi triste vê-lo por trás, com a cabeleira branca e grande, alquebrado, subindo lentamente a escada rumo ao seu aposento no Clube da Aeronáutica, seu atual “refúgio”.
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