A CIA POR TRÁS DE MICHELETTI
Há algo suspeitíssimo na rígida postura do golpista hondurenho Roberto Micheletti, que ousa ameaçar o Brasil e ainda impedir a delegação da OEA de entrar em seu país em busca de uma solução para o golpe que apeou do poder um presidente eleito pelo povo. Aliás, a suspeita aumenta quando o próprio embaixador americano na OEA acusa Zelaya de tolo e irresponsável ao retornar ao país.
A evidência de que não seria ele tão arrogante e determinado se não estivesse escudado em alguma força superior, leva-nos a deduzir que o longo braço do Pentágono (mano militari), através da CIA, se faz presente ali de forma dissimulada, apoiando com dólares e sua ardilosa logística orientando o passo a passo do golpe de direita. Só não enxerga isso certos jornalões e a oposição, que sempre procura algo para desgastar a imagem do governo brasileiro.
O fato é que os americanos estão preocupadíssimos com a expansão de governos de esquerda pelo continente e que, graças às riquezas naturais, ao crescimento vertiginoso do parque industrial, à evolução tecnológica e ao espírito empreendedor do jovem empresariado latino, já não mais misturam questões ideológicas com as necessidades do mercado globalizado, seja em que língua e linha for. A chamada guerra fria passou. A época dos governos militares, seduzidos e convencidos pelos americanos com o sentimento místico do “Deus, Pátria Família e Liberdade” de que abrir comércio com a ex-União Soviética, por exemplo, era por em risco os princípios cristãos, muito bem manipulados pela igreja oficial com sede em Roma.
Fatos recentes na história de dependência de Honduras ao poder americano são provas contundentes dessa situação. Basta lembrar que tão logo Anastásio Somoza, ditador apoiado pela CIA por mais de 40 anos, foi derrubado do governo nicaragüense pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o vizinho Honduras se ofereceu como base para que os “Contras”, rebeldes apoiados pela cúpula da Igreja Católica, financiados e armados pelos Estados Unidos, combatessem o governo que tinha Daniel Ortega como chefe. Os recursos para esse movimento de direita vinha das vendas de armas para o Irã que a CIA fazia numa vinculação com Israel, que gerou o escândalo Irã-Contras no governo Ronald Reagan.
Então, novamente a elite hondurenha se coloca ao lado dos Estados Unidos para tentar sustar a influência do eixo com visão socialista, como Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina e, de certa forma, do Brasil, que abrem mercados com o mundo todo e desejam explorar suas riquezas em favor de seus países.
É estranho em nosso país professor de filosofia, como Denis Lerrer Rosenfield, acusar o presidente Zelaya de conspiração por propor uma consulta ao povo sobre a possibilidade de uma mudança na Constituição, como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) conseguiu aqui e ganhou um segundo mandato. Os filósofos gregos antigos buscavam a sabedoria, mas algumas mentes iluminadas daqui preferem ficar ao lado dos punhos rendados da elite. Bastaria o povo dizer sim ou não. Ora, quem pode dois pode três.
Os Estados Unidos, que têm uma base em Cuba, já invadiram o Panamá, a pequena Granada, o Iraque e estão no Afeganistão e ainda mantém tropas em muitos países da América do Sul e com a CIA interferindo em seus negócios, vão ter que entender que o mundo mudou, os tempos são outros.
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