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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

QUEREM SALGAR A POLÊMICA DO PRÉ-SAL

A insistente e contundente postura da oposição a tudo que o governo Lula faz e agora na polêmica do pré-sal coloca-a na seguinte situação: ter que decidir de que lado está – do Brasil ou das multinacionais. Na essência, a questão é essa, crua e nua, que os neoliberais tentam adornar com sofismas que aparentam seriedade e profundo respeito aos princípios que regem a competitividade num mercado com ampla liberdade, sem a tutela do Estado, como propôs Addam Smith.

Desses que defendem livre mercado não se ouve nenhuma pronunciamento crítico no Congresso em relação aos bilhões de reais que o país perde por causa das sobretaxas e dos subsídios que o governo americano impõe aos nossos produtos. O caso do algodão está aí. O governo brasileiro tentou várias formas de negociação em defesa da indústria nacional, mas os Estados Unidos não cederam. Foi obrigado a recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), que lhe garantiu o direito de retaliação. Onde estão os deputados e senadores que apregoam a liberdade de negócio e a competitividade? Certamente não se lembram mais do que disse o diplomata americano Linconl Gordon na década de 60, quando questionado pela esquerda brasileira: - Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses.

Pois é, o presidente Lula tem também interesses a preservar para o futuro de nossas gerações, que o capitalismo não vai conseguir atender se não houver um Estado forte para proteger suas riquezas e atenuar perversa “mais valia”, como bem explicou Marx em sua excelente obra “O Capital”. E a crise que aí está, a segunda depois da de 1929, foi justamente pelo excesso de liberdade, contrariando o que dizia o notável discípulo de Addam Smith, Roberto Campos: “o mercado se ajusta, se arruma sozinho”. E Paul Krugman, Nobel em economia, se pergunta: Como os economistas erraram tanto? E afirma: Nem os defensores do livre mercado previram a crise. Chegando a concluir que agora: Eles têm de admitir - e isso será difícil para quem ria de Keynes – que a teoria keynesiana é a melhor que temos para compreender recessões e depressões.


E o ex-metalúrgico presidente mostrou mais competência nisso do que o famigerado acadêmico Fernando Henrique e seus seguidores. Deixou o país tão bem blindado que a crise não fez um estrago tão profundo e extenso quanto nos países desenvolvidos, a ponto de ainda poder conceder apoio financeiro ao perplexo mercado privado, como bancos, indústrias, empresas e agricultores, sendo um dos primeiros países a começar a sair da crise.

Pois bem, diante das imensas reservas do pré-sal descobertas não seria hora dessa obtusa oposição elogiar a Petrobras por esse espetacular feito, deixar as firulas eleitorais de lado e se apressar para analisar e aprovar um novo marco regulatório, como quer o governo? O país tem pressa e essa riqueza não deve ser uma commodity para enriquecer multinacionais com matriz estrangeira. Mas parece que deputados e senadores da oposição pensam diferente e acham mais produtivo perder tempo em discussões inócuas sobre eles mesmos e suas falcatruas, em nome da ética. Acham que 90 dias é pouco tempo para definir se devemos dividir essa riqueza com os outros ou se convém dispor dela para o desenvolvimento de nossa economia. E ficam colunistas e economistas “palpiteiros”, como diz Lula, preocupados com jogadores da Bolsa de Valores, com pequenos acionistas da Petrobras e com investidores estrangeiros.

No modelo de concessão, como é hoje, a União fica apenas com 32,2% do petróleo extraído, o restante vai para o mercado privado. Eis a razão pela qual o governo pretende definir o modelo de partilha, mais vantajoso para o Brasil. Os que defendem o Estado mínimo acham isso uma heresia no livre mercado. E usam argumentos risíveis como: 1 – A Petrobras terá peso excessivo nas negociações; 2 – Se um fornecedor se desentender com a estatal terá de sair do país, porque a empresa concentrará as encomendas, segundo diz Marco Tavares, sócio da Gas Energy; 3 – Em teoria, o privilégio à Petrobras tem um viés de ineficiência, já que aniquila a competição; 4 – As grandes operadoras mundiais poderão se desinteressar do Brasil, uma vez que estarão afastadas das decisões técnicas.

Bem, vamos ver até onde vai o patriotismo dessa gente, que fica arrepiada só de ouvir falar em nacionalismo, sentimento que os Estados Unidos têm entranhado em tudo que fazem, principalmente quando em defesa de seus negócios.

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