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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ZÉ – O SONHADOR AZARADO

Está feia a coisa para a oposição. Diante da popularidade de Lula, da firme postura de sua candidata Dilma Rousseff e do bom desempenho da economia nada dá certo para a campanha de Serra e seus marqueteiros. Inicialmente à frente nas pesquisas, Serra passava um raro e nobre estilo de se fazer política, com absoluta tranquilidade, cautela, paciência e comedimento na crítica, ou seja, um político que primava pela ética na condução de sua campanha. Bastou a candidata petista Dilma Rousseff subir nas pesquisas para se saber que não havia nenhuma nobreza, apenas uma jogada de marketing que agora exige reformulações, apelações e contundência na crítica, pedindo até a cassação da candidatura da concorrente pela quebra do sigilo fiscal da filha de Serra.

O slogan não é mais “O Brasil pode mais”, agora é “É hora da virada”, sugestão do consultor americano, Ravi Singh, contratado a peso de ouro pelo PSDB, que atuou na campanha de Juan Manuel Santos, eleito presidente da Colômbia. A insistente ideia de ser anunciado como o mais competente e com postura de estadista acabou tomando um novo rumo, de mais simplicidade, de um homem do povo, o “Zé Serra”. Não deu certo. No discurso, a promessa de criar 20 milhões de empregos até 2020 (dois mandatos e meio) e dobrar a distribuição do Bolsa Família, antes visto como populismo, é visto como um sonho delirante ou mesmo desespero. E veja que azarado: “Zé Serra”, para reforçar sua proposta de reduzir a carga tributária, combinou com Geraldo Alckmin de fazer um ato simbólico para a media em frente ao prédio da Associação Comercial de São Paulo, onde um enorme painel eletrônico, o Impostômetro, mostra a evolução de impostos que o povo paga ao governo. O momento deveria ser na hora em que o painel exibisse o recorde de R$ 800 bilhões arrecadados neste ano, para causar mais impacto. Só que um apagão frustrou a jogada e os dois resolveram tomar um cafezinho num bar próximo. Como não deu certo, aliados logo insinuaram que hackers petistas podem estar por trás, como no caso do vazamento do sigilo fiscal na Receita Federal.

Seu vice Indio da Costa não conseguiu ainda mostrar a que veio, limitado a disparar e-mails de baixo nível político para ver se pelo menos consegue desgastar a imagem de Dilma. Pragmáticos, como 99% dos políticos, muitos aliados começam, como ratos em navio à pique, a abandonar a campanha oposicionista.

Finalmente, para complicar ainda mais a campanha de “Zé Serra”, seu próprio companheiro no PSDB, Ronaldo Cezar Coelho, candidato a suplente de senador de Cesar Maia (DEM) parceiro, afirmou em palestra no comitê de campanha de Serra no Rio que foi ele (Ronaldo) quem apresentou o genérico ao tucano. Mais grave, foi ele também quem reuniu o pessoal da PUC para planejar o Plano Real: -“ O Fernando Henrique estava lá com cara de paisagem”.

Bem, fechando essa azarada campanha, recentemente as centrais sindicais desmentiram, através de manifesto, que “Zé Serra” seja o autor do Fundo de Amparo ao Trabalhador: - “O FAT foi criado pelo Projeto de Lei nº 991, de 1988, de autoria do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS). Um ano depois, José Serra apresentou o Projeto nº 2.250/1989, que foi prejudicado pelo plenário da Câmara Federal, uma vez que o projeto de Uequedv já havia sido aprovado”.

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