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sexta-feira, 28 de maio de 2010

LULA DERRUBA PROTAGONISMO AMERICANO

Um dia a casa cai, como aconteceu com Babilônia, Egito, Grécia, Pérsia, Roma, União Soviética e até o poder da "Santa Igreja" de querer controlar a ciência e matar na fogueira. Agora, um simples nordestino, nascido sob a luz de lampião numa casinha humilde num abandonado sertão, balança a consciência do império americano e, diante da perplexidade mundial, desnuda a farsa de sua geopolítica. Foi o que se viu com a irritação da secretária de Estado Hillary Clinton e a estupefação dos jornalões brasileiros, em face da ousadia do governo Lula em assumir a dificílima mediação no caso Irá e ainda obter de Mahmoud Ahmadinejad o acordo que todos achavam impossível, deixando o grupo dos cinco poderosos numa sinuca de bico. Humilhado por um país emergente que deseja o diálogo e não a prepotência dos que se fiam no poder das armas, o governo Obama diz não aceitar os termos da carta enviada à Agência de Energia Atômica e que vai insistir na adoção de medidas econômicas para demover o Irã de seu intento de continuar com seu programa nuclear.

É lamentável a posição dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, que, por puro preconceito e alinhamento aos interesses americanos, vêm desdenhando a atuação do ex-operário Lula e tentando ridicularizar nossa diplomacia, a todo momento chamando-a de "terceiromundista e diplomacia do B", embora analistas de peso e a imprensa europeia enalteçam o carisma e a coragem do presidente em assumir tão espinhosa e isolada missão nesse cenário de intolerância e ameaças de guerra por aqueles que possuem arsenal nuclear.

É lamentável essa postura dos Estados Unidos ao levar nações à beira do abismo com sua arrogância, enquanto o Brasil procura mostrar que o melhor caminho é o diálogo, a paz entre os povos. E aí vem a pertinente pergunta de Lula: por que os que têm bombas atômicas não destróem as suas? Até quando os Estados Unidos vão continuar dizendo o que os outros podem ou não fazer? Ora, o mundo mudou e o Irã não é o Iraque e muito menos o Afeganistão. Nem mais aquele país da década de 50, quando os Estados Unidos, por causa da nacionalização das reservas de petróleo iranianas interviram e impuseram o submisso governo de Reza Pahlave. E não é mais o país da decada de 80, quando os americanos traficaram armas de Honduras para o Irã com o objetivo de levá-lo a massacrar o Iraque de Saddam. Rumoroso caso que ficou conhecido como Irã-Contras (a CIA por trás dos Contras no combate à Nicaragua), comandado pelo tenente-coronel Oilver North, chefe do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Atacar o Irã hoje será uma catástrofe de proporções inimagináveis. Depois do Vietnam, de onde sairam com o rabo entre as pernas, quando os americanos irão se curar da paranoia alimentada pelos belicistas e aprender que há outros caminhos a trilhar?

Como se vê, vem de longe a intenção dos Estados Unidos enfraquecer o Oriente Médio e tomar conta de suas riquezas. Segundo Nicolau Maquiavel, "o poder se fundamenta em atos de força", por isso é preciso manter os fracos sem o poder das armas, como a história da humanidade sempre mostrou.

Para inconformismo do jornal O Globo, que faz campanha de Serra o tempo todo evocando a maculada liberdade de opinião, o jornal francês Le Monde diz que o presidente Lula não se apoia "apenas em seu carisma para falar alto e forte, mas encarna um Brasil em plena forma". E que "o mundo não ouviu tudo o que tinha para ouvir do antigo metalúrgico, amigo das favelas e dos investidores". Já o britânico The Guardian diz em seu editorial que as sanções propostas pelos americanos são uma bofetada nos esforços de negociação do Brasil e Turquia, e que num mundo multipolar Barack Obama não pode simplemente fazer isso. E, para finalizar, o The Wall Street Journal afirma que a culpa é de Obama, que, num perigoso jogo duplo, incentivou a diplomacia de Lula.

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