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quinta-feira, 16 de julho de 2009

O PAPEL DOS PARTIDOS POLÍTICOS

A democracia, sob o espírito do Iluminismo revolucionário que demoliu, com muitas cabeças guilhotinadas, o perverso jugo da nobreza e do clero medieval, é um regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder. Portanto, não foi um sistema pronto, elaborado teoricamente pelo conhecimento enciclopédico de alguns, entregue como um pacote ao povo. Ermergiu da luta ao longo dos séculos e sua plenitude depende ainda de muitas conquistas, até que o povo possa, um dia, contar com representações autênticas, que reflitam realmente seus anseios e não a vontade da elite.

Daí a importância dos partidos para seu aperfeiçoamento e consolidação de suas bases, que pode ser através de leis e de um trabalho de conscientização política para elevar o nível de cidadania popular. Um exemplo, em se tratando de lei, seria impedir que parlamentares, em todos os níveis, se perpetuassem no exercício do mandato, evitando a cumplicidade corrupta que o deputado do castelo chamou de “vício da amizade”. Basta ver o mal que expressivo número de políticos, principalmente da herança maldita da oligarquia nordestina, faz ao país, seduzindo eleitores desavisados a cada eleição.

Com a tomada do poder, depois de vencer o capital das elites e superar em meio ao povo a imagem de partido radical, raivoso e despreparado para dirigir os destinos do país, esperava-se algo mais profundo por parte do Partido dos Trabalhadores (PT), como a grave e esquecida questão agrária e a preparação de nossa juventude excluída em estabelecimento de ensino integral, dentro da filosofia dos Ciep`s idealizada por Darcy Ribeiro e iniciada por Leonel Brizola, que nem o ex-governador Garotinho e sua esposa Rosinha foram capazes de manter e expandir.

Dos governos passados, de 64 para cá, não se esperava nada, a não ser o inchaço das cidades, com sua periferia abandonada e onde milhares de crianças, atraídas e violentamente controladas pelo poder do tráfico, já não entendem mais o que significa futuro. Mas o que fazem as células do PT, que são os diretórios espalhados pelo país, em termos de propagação de suas idéias e doutrina para mudar, na prática? Ora, não basta tomar o poder, é preciso saber o que fazer com ele, acreditar no que se propaga e meter mãos à obra, refletindo sinceramente no que diz o teatrólogo Antunes Filho: - “Ser contemporâneo é ter percepção de como está o país. Não é possível existir democracia sem consciência e nem ter consciência sem cultura”. E não basta também, como bem disse o líder e poeta angolano Agostinho Neto sobre a inautenticidade e os desvios de seus liderados: -“Não basta que a nossa causa seja justa e pura, é preciso que a justiça e a pureza existam dentro de nós”.

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