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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PAPEL DA OPOSIÇÃO

Foi o título da coluna de Míriam Leitão no jornal O Globo de 27/10, terça-feira, onde expõe suas vísceras, o mau humor destilado pelo amargo de seu fígado afetado pela profunda indignação em relação à pusilânime postura oposicionista (DEM, PSDB).

Com visão conservadora, preconceituosa, unha e carne com as idéias de FHC, ela não conseguiu ainda assimilar esse fenômeno político-social que dá ao torneiro-mecânico da caatinga uma popularidade, em segundo mandato, jamais vista na história deste país.

Com evidente irritação, diz que todos os projetos e iniciativas do presidente Lula têm sempre falhas e interesse eleitoral envolvido que a oposição não consegue alcançar, protestar e expor publicamente com a devida autoridade e competência. E foi enumerando, sem poupar os governadores José Serra e Aécio Neves pelos vacilos: “o anúncio do pré-sal, montado como um palanque para a candidatura Dilma Rousseff”; “o caminho escolhido para favorecer a Petrobras e prejudicar investidores”; o Bolsa Família, que acusa de assistencialista; a transposição do Rio São Francisco, que não cumpriu exigências ambientais; o PAC das cidades históricas, alegando ser uma versão empobrecida de um projeto do governo passado (FHC); o atraso na restituição do Imposto de Renda; erros gerenciais e falta de controle no programa de avaliação do ensino médio; crítica ao plano de construção de dezenas de termoelétricas com combustível fóssil (gás); insinua que o setor elétrico vai se transformar em feudo familiar de um aliado etc.

Para ela, não há equívocos, nenhuma virtude ou capacidade administrativa nessas ações do governo, apenas falhas a execrar na tribuna e nos jornais. O Bolsa Escola nos oito anos de FHC é virtuoso, soa como uma sinfonia de Beethoven orquestrada pela experiência humanitária e libertadora dos neoliberais. Mas o Bolsa Família não é maldoso, peca pela burrice, pela manipulação eleitoreira, sem visão social, porque é assistencialista, sem abrir uma porta de saída.

Decepcionada, diz que Serra e Aécio estão travados, claudicantes diante da pujante popularidade de Lula, que às vezes, espertamente e usando geniais alegorias, ameaça execrá-los diante da opinião pública. Nesse aspecto ela tem razão, porque foi o movimento sindical, a luta em portas de fábricas e as negociações com os patrões que lhe deram experiência e percepção do outro, da maneira de agir do outro, surgindo, então, um líder plasmado sob a imagem de quem está ao lado do oprimido, de quem tem direitos subtraídos a se esforçar para reivindicá-los. E não adianta querer diminuir ou desgastar essa imagem do único “cara” com as mãos sujas de graxa, e não de corrupção, que deixou o mundo encantado pela simpatia, desprendimento, ousadia e sucesso em tornar um país com transparência democrática e entre as principais economias.

Bem, o problema é que Lula deixa a direita de calça arriada e afásica, sem voz, porque governa sem nenhuma restrição ao processo democrático, sem a ambição por um terceiro mandato, como muitos outros, e ainda conduz a economia com equilíbrio e avançando diante da crise mundial.

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