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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

PORTUGAL E NOSSO ATRASO

Estou acabando de ler “1808”, excelente livro do paranaense Laurentino Gomes, resultado de dez anos de pesquisa, ótimo presente que os pais deveriam dar aos jovens filhos no encerramento de 2010, mas que ainda podem fazer comemorando a chegada de uma mulher ao poder depois de 510 anos de nossa turbulenta história.


Muitas coisas já sabia sobre a tumultuada vinda da corrupta, medrosa, fedorenta, fuxiqueira e atrasada corte portuguesa para cá, mas o escritor foi fundo e detalhista em sua investigação sobre o modo de vida da corte e a fragilidade econômica do mais atrasado país europeu que, modelada pelo poder inquisitorial do rançoso e alienado catolicismo medieval, acabou aprofundando raízes de uma cultura que nos deixou em grande desvantagem em relação aos outros países, principalmente dos Estados Unidos, descoberto dois antes do que o Brasil.


A chegada de D. João marca 308 anos de colonialismo, de exploração extrativista, que se estende com D. Pedro II a 388 anos com o agitado mercado de negros trazidos aos milhões para cá, enriquecendo a elite. Diferente da visão protestante que estabeleceu as bases para o surgimento da nação mais poderosa do mundo, a preguiçosa elite portuguesa considerava o trabalho uma atividade aviltante, uma espécie de castigo, própria para os negros, tratados como semoventes, animais de carga.


Se analisarmos bem, o advento da República não significou melhora alguma para os negros, mulatos e brancos pobres, abandonados à própria sorte em casebres miseráveis nos morros e no entorno das cidades. Então, o Brasil como projeto político só começa mesmo com Getúlio Vargas em 1930, enfrentando a força dos políticos que representavam a elite paulista, mineira e carioca no parlamento. Até para criar a Petrobras em 1954, que os americanos não queriam, foi necessária a campanha popular do “O petróleo é nosso”, porque lideranças de direita acreditavam que essa medida iria enfraquecer seu poder. É o que o jornal O Globo acha agora quando os fundos de pensão dos trabalhadores, dispondo de bilhões em caixa, compram ações de empresas estratégicas e exercem peso político.


Depois de Getúlio, a esperança era Goulart, que ameaçou as feras, até então recolhidas, e acabou apeado do poder, causando uma ruptura no processo de desenvolvimento que a esquerda alimentava. Pós ditadura, Fernando Henrique foi o suspiro da direita que quase entrega a Petrobras. Com Lula, o Estado volta a ter força e passa a ser o principal indutor do crescimento, com o BNDES abrindo bilhões de crédito às empresas nacionais.


Agora, essa gente tem que engolir uma ex-guerrilheira prometendo acabar com a miséria e alavancar mais ainda a economia do país. E vê-la indicando para o Ministério da Ciência e Tecnologia o jovem petista Aloizio Mercadante é animador, que já estuda uma forma de trazer de volta brasileiros, de alta formação acadêmica, que migraram para o exterior porque aqui não havia campo para o desenvolvimento de suas atividades de pesquisa. Segundo ele, o Brasil está formando cerca de 50 mil mestres e doutores, mas há apenas um engenheiro para 50 formandos, enquanto a Coreia do Sul forma um para cada quatro. Então, sem ciência e tecnologia o país não consegue avançar e disputar mercado com os outros países. O País já entrou em seu rumo, agora é avançar mais e saber defenestrar das instituições quem não tem competência e os que só querem fazer política partidária.

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