quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Está
na hora de o eleitorado macaense dizer o que espera do próximo
prefeito ou de apontar as falhas das administrações municipais para
serem corrigidas a partir de 2013, quando o orçamento deverá chegar
perto de R$ 2 bilhões, que se iguala ao da cidade de Campinas, com
mais de um milhão de habitantes. Participe, enviando para cá
(www.armandobb@uol.com.br)
sua mensagem, porque o berro é livre, mas com responsabilidade.
CHEGA DE BLÁ, BLÁ, BLÁ
No
momento das ruidosas campanhas eleitorais, quando nossos ouvidos são
profundamente afetados pelas promessas dos candidatos que se anunciam
como trabalhadores, honestos e dedicadíssimos ao desenvolvimento de
Macaé, não consigo ficar no vácuo da passividade quando somos
chamados a escolher o político que vai administrar o município onde
vivemos, dispondo de um espetacular orçamento que se aproxima de R$
2 bilhões. Reavivando a memória, quem me faz refletir e aguçar
mais ainda o senso crítico sobre isso, aflorando o espírito de
cidadania, é o candidato a vereador Paulo Lessa, que em sua
insistente publicidade volante em volta do meu quarteirão, diz, em
altíssimos decibéis, que “chega de blá, blá, blá...”,
embora em eleição anterior o povo tenha entendido isso e não o
elegeu.
Pois bem,
Silvio Lopes (PSDB) também tenta voltar à política, só que agora
como vereador, cargo que lhe dá a convicção da vitória e, quem
sabe, ocupar a presidência do Legislativo, isso se Paulo Antunes não
quiser enfrentá-lo, caso reeleito. Então, lembrei-me da orientação
do ministro Ayres Brito sobre a importância do voto e a
responsabilidade que o eleitor tem de escolher bem quem vai
representá-lo no Legislativo e administrar sua cidade. E também do
ministro Marco Aurélio Mello, que, mais incisivo, chegou a dizer que
o candidato não tem o direito de evocar vida privada para se blindar
das críticas, direito inalienável no processo democrático, que se
fortalece no saudável exercício do contraditório. Então, não se
trata de perseguição, mas de responsabilidade civil.
Por isso,
precisamos nos precaver, não acreditar naqueles que já nos
enganaram, prometendo coisas que não cumpriram. Por exemplo, na
campanha de reeleição em 2000, a poucos meses da eleição, o então
prefeito, apresentando sua plataforma para 2001-2004, anunciava no
JB, textualmente:
-“Até
o início de 1997, o esgoto gerado em Macaé não sofria tratamento
algum. A partir daí, a Prefeitura começou a realizar um dos maiores
programas de saneamento básico do Estado do Rio de Janeiro,
construindo redes, elevatórias e estações de tratamento. Até o
fim deste ano, 80% do esgoto produzido no município já terá
tratamento adequado. Um avanço expressivo, que coloca o programa de
saneamento de Macaé como um dos melhores do país e demonstra o
respeito da Prefeitura ao meio ambiente e à população macaense”.
Veja o espírito de grandeza: “um dos melhores programas de
saneamento do país”. Mas não foi exatamente isso que o
prefeito Riverton herdou. Ele encontrou um equipamento de tratamento
de esgoto, pasmem, importado da Alemanha, que ficou esquecido, ao
relento, num terreno na Linha Verde. A lagoa Imboacica está lá,
assoreada e recebendo esgoto in natura; os canais que cortam a
cidade totalmente poluídos e o antes piscoso rio Macaé está
hoje assoreado, como uma nauseabunda cloaca. Pode ser que como
vereador ele ajude o novo prefeito a realizar o que prometeu e não
cumpriu. E há ainda dezessete obras prometidas, não cumpridas, que
certamente ficaram no esquecimento, mas que publicaremos na próxima
semana para refrescar a memória do eleitorado.
Isso aconteceu sob o olhar blasé da cumplicidade dos
vereadores que hoje tentam se reeleger, alguns com mais de quatro
legislaturas.
ZEZÉ ABREU
E o jovem radialista e empresário, hein? Depois de veementes
críticas sonoras à administração municipal pelas ruas da cidade,
de repente, o “Fala Zezé” recolheu-se a um suspeito silêncio,
causando profunda frustração aos seus seguidores. Muitos já andam
dizendo que ventos do Palácio Laranjeiras sopraram por aqui. Sem uma
explicação convincente, fica a dúvida.
Pulando fora da luta por uma Macaé melhor, certamente optará por um
novo caminho. Apoiando a coligação Christino-Riverton-Silvio Lopes,
ficará numa situação muito incômoda em razão das críticas que
vinha fazendo e da perda de credibilidade (difícil de construir,
fácil de perder), valor imensurável. Se optar por Aluízio, poderá
continuar disparando seus torpedos, em coerência com a linha que
vinha adotando. É esperar para ver o que vai acontecer. Espera-se
que ele não queime mais ainda seu filme. Seu locutor Reginaldo,
candidato a vereador na chapa, ficou uma fera com essa decisão.
BRITÂNICOS E AMERICANOS: A LIBERDADE QUE NOS INTERESSA
Estão eles sempre a criticar países latinos alegando falta de
liberdade em relação à imprensa, que eles dominam (quem detém a
informação detém o poder). Historicamente invasores e dominadores
com o poder de suas armas para manter sua exploradora economia na
vanguarda, agora que o jovem fundador da WikiLeaks, Julian Assange,
devassou e divulgou sinistros segredos diplomáticos, americanos e
ingleses, em comum interesse, ameaçaram invadir representação
diplomática do Equador em Londres para prendê-lo, numa flagrante
violação à Convenção de Viena e tratados internacionais.
Assange expôs o que já sabemos:
as embaixadas americanas são, na verdade, uma extensão da CIA em
seu incansável trabalho de espionagem. Parabéns ao presidente
equatoriano Rafael Correa pelo
asilo concedido a Assange e pela firmeza na resistência aos
britânicos.
Os Estados Unidos não podem mais criticar Cuba pela falta de
liberdade e por crimes contra a pessoa, porque continua torturando
prisioneiros em Guantánamo e agora mantém preso, sob abusos e
humilhações, sem julgamento ainda, o soldado que colaborou com
Julian Assange.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
INSPIRADOS NO POETA CASIMIRO DE ABREU
A educadora Helena Sardenberg e fotógrafa Susanne Reimann, felizes pelos bons resultados |
Acompanhado do fotojornalista Armando Rozário, estive no final de semana em Barra de São João, na casa onde viveu Casimiro de Abreu, hoje transformada num museu sob a diretoria de Célia Azevedo, à margem do Rio São João, que preserva o acervo do poeta romântico em devaneios chorosos pela “infância querida que os anos não trazem mais”. E foi ali que encontrei jovens estudantes, inspirados no poeta das “tardes fagueiras, dos sabiais nas laranjeiras”, expondo suas criações poéticas exaltando a natureza e a mostrando preocupação com sua preservação.
E foi ali também que vi duas mulheres felizes com o resultado do seu trabalho, jovens que se descobriram capazes de colocar suas ideias e traduzir seus sentimentos em forma poética, além de exercitar o espírito crítico e olhar sua terra com outra visão. São duas mulheres apaixonadas pelo desenvolvimento cultural: uma, a suíça Susanne Reimann, dedicada à arte fotográfica e à luta pela preservação ambiental; a outra, Helena Sardenberg, uma educadora que, mesmo depois de aposentada, continua envolvida com a arte de lapidar inteligências e fortalecer personalidades em formação. Susanne, poliglota e também pianista, com vasta biblioteca em sua casa, resolveu deixar o frio de sua bela Suíça e vir morar aqui nos trópicos, escolhendo a simplicidade e o bucolismo de Barra de São João, sempre tentando, com pouco sucesso, sensibilizar a alma dos políticos locais para um importante trabalho de propagação turística com sua arte. Daí surgiu a ideia da professora Helena se juntar a ela e realizar projetos em conjunto, como esse.
Armando Barreto - Esse projeto de vocês com os estudantes tem um nome interessante, Oficina de Redação, que dá ideia de provocar e dar trabalho à cuca na arte de pensar, não é isso?
Helena Sardenberg - É isso mesmo. Iniciamos em 2009, com a proposta de estimulação ao desenvolvimento de atividades em leitura e escrita, de uma forma bem dinâmica. Assim, esse trabalho pretende algo abrangente, o direcionamento do olhar para a atualidade, o resgate de fatos históricos, sociais e culturais, bem como o estímulo à discussão de temas variados e o trabalho com a ampliação e a síntese de textos, a análise crítica, a autocrítica e a produção pessoal. O objetivo geral é valorizar o empenho pessoal na criação de textos, trabalhando forma e conteúdo, de maneira integrada e harmônica, mantendo o interesse e a qualidade da produção do participante da Oficina de Redação.
AB - Então, além do enriquecimento pessoal, isso tem muito a ver com a comunidade.
Helena - Isso mesmo, temos objetivos específicos, como a afinidade com a comunicação e o cuidado com a oralidade e a escrita, a fim de qualificar toda e qualquer situação da vida cotidiana.
A oficina mantém um intercâmbio constante e estimulador entre todos os participantes, estando aberta durante o período de março a dezembro, na Biblioteca Municipal Carlos Drummond de Andrade. A freqüência é às 2as. 3as. feiras, no período das 11h30min às 14h30min, com atendimento a três grupos diferentes (2º grau). É um trabalho voluntário que atende, gratuitamente, a qualquer pessoa que queira efetivamente participar. Por acreditar que a educação e cultura fortalecem os vínculos entres as pessoas, as épocas e os saberes, entendemos que é possível a criação de verdadeiras comunidades de ensino-aprendizagem, organizadas e implementadas, com o intuito de ampliar o mundo para todo aprendiz.
A oficina mantém um intercâmbio constante e estimulador entre todos os participantes, estando aberta durante o período de março a dezembro, na Biblioteca Municipal Carlos Drummond de Andrade. A freqüência é às 2as. 3as. feiras, no período das 11h30min às 14h30min, com atendimento a três grupos diferentes (2º grau). É um trabalho voluntário que atende, gratuitamente, a qualquer pessoa que queira efetivamente participar. Por acreditar que a educação e cultura fortalecem os vínculos entres as pessoas, as épocas e os saberes, entendemos que é possível a criação de verdadeiras comunidades de ensino-aprendizagem, organizadas e implementadas, com o intuito de ampliar o mundo para todo aprendiz.
AB - Mas, sem apoio financeiro efetivo, como vocês se viram?
Helena - Estamos ainda capengando em termos financeiros para outras ousadias que temos em projeto. Por exemplo, a Suiça tem grande interesse em apoiar projetos culturais e de preservação ambiental. Como Susanne é de lá e tem contato com entidades daquele país, esperamos que com a Sociedade Cultural Suíça-Brasil vamos abrir um canal que irá nos ajudar, principalmente depois que Susanne enviar o material do trabalho que vimos realizando com grande sucesso.
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VIDA ( Airton Clercq de Almeida / 17 anos)
A vida é como um rio:
sempre há interferências em seu trajeto.
É, às suas margens,
que se veem as consequências.
Quando nos acomodamos,
nossa vida sofre uma estagnação.
É para que saibamos que, uma vez ou outra,
teremos que diferenciar nossas ações.
A água que banha um,
outro não banha.
Não é possível voltar ao passado
e revivê- lo.
Uma vez,
tendo a nascente sido prejudicada,
prejuízos se espalharão por todo o rio.
Assim, também, é na vida.
****************************************************************
EU E O RIO (Claudio Verli de Almeida / 42 anos)
Ele sempre se renova
trazendo alegria ou tristeza por onde passa.
O seu caminho é nostálgico.
Sento-me na ribanceira
vendo que divide, impondo fronteiras,
sem que, com isso, tome partido.
Pelo contrário,
tal mãe entre dois filhos,
não faz distinção.
Cruzo-o em meu percurso.
Minha impetuosidade
desrespeita as fronteiras impostas.
Tem anos de existência e eu, poucos.
Os antigos retratam-no com reverência,
sinalizando nossa dependência.
Dessa época para cá,
alguma coisa mudou (e muda).
Mergulhar em seu ser traz novidade.
Em seu curso,
vejo uns a favor e outros contra.
É certo nas suas idas e vindas:
ora traz, ora leva; ora enche, ora esvazia.
Há importância nesse leva e traz.
Permite-me comparar
com o curso da minha existência:
ora doce, ora salgado; ora cheio, ora vazio.
Mas... estamos vivos!
*********************************************************************
ENCONTRO COM O RIO (Thayná de Almeida Ferreira / 16 anos)
Sentada no banco, à margem do rio São João,
debaixo da sombra de uma aroeira,
envolvida pelos seus galhos repletos
de pequeninas frutas de um tom vermelho-escuro,
sinto-me em comunhão com a natureza.
Comparo minha vida com o rio.
Às vezes, ele está calmo, outras, agitado.
Tem hora que não se movimenta
nem para trás, nem para a frente.
Nunca é o mesmo; está sempre mudando.
Quando sento à beira do rio,
busco apreciar cada movimento, cada detalhe:
a água, a vegetação, os animais.
Fico feliz por estar nesse lugar
que, a tanta gente, encanta.
O rio é como nossa vida,
sempre traz novidades.
Mesmo que não encontre algo diferente,
busque ir mais longe, cada vez mais...
Veja a vida com um novo olhar.
**********************************************************************
RIO SÃO JOÃO (Luiz Sergio Gomesm / 53 anos)
Maravilhoso rio São João.
Revela exuberância e beleza
da nascente até à foz.
Idas e vindas das marés,
as intempéries ao longo dos anos.
Nada lhe tira o vigor.
Inconsequentes, mesquinhos e gananciosos,
desnudam-no,
retirando-lhe a mata ciliar, seu mangue e seus bichos,
aterrando-o com dejetos.
Berçário de múltiplas espécies
que ao homem apetece;
suas águas nos dão de beber e nos alimentam.
Há tempos, o rio clama:
"Muitas espécies dependem de mim;
já não me respeitam mais.
Deixem-me viver !
Quem sabe, um dia, poderemos coexistir ?"
***************************************************************************
A NATUREZA TOMA O CONTROLE (do ponto de vista de uma janela)
(Lucas Leal da Silva Cavalcanti / 19 anos)
Eis a reação da natureza
quando o homem invade o seu espaço.
Por mais que me abata,
e ainda que agora
meu canto não fora respeitado,
e, contudo, meu interior fique abalado,
cheguei à conclusão:
tomarei o controle.
Avanço, sorrateiramente,
mais discreta que a gente
que tanto me destroçou.
Assim, digo que a desculpa acabou.
E, portanto, invado sem piedade.
Com minha intrusão, mostro a verdade,
mesmo que resulte em danos,
e os homens, enfim, "entrem pelos canos".
Não há maIs tempo a perder:
a retomada começou.
O verde toma o lugar do concreto.
No começo, acham bonito
o tanto que valoriza o local.
Mas o que parecia uma maravilha,
toma-se por praga.
E a retomada - enfim - acabou.
O equilíbrio é inevitável.
A opinião externa é suportável.
No meio do caos,
uma pequena clareira: a janelinha.
A natureza, por deixar a brecha,
que emerge tão rápido como flecha,
que não tarda a perguntar:
- Será que ainda é um bom lugar para morar ?
************************************************************************
À BEIRA DO MAR (Welerson da Silva Hermógenes / 17 anos)
Um homem solitário a pescar.
Esvazia a mente
ao olhar para o mar.
Vendo aquela imensidão,
reflete sobre o seu dia
e sente um pouco de alegria.
Paciente, espera pegar um peixe.
Mas percebe que, se não cuidar do mar,
peixe algum irá pescar.
Isso desperta o homem
para novos aprendizados
que não podem ser perdidos.
A vida é como um rio:
sempre há interferências em seu trajeto.
É, às suas margens,
que se veem as consequências.
Quando nos acomodamos,
nossa vida sofre uma estagnação.
É para que saibamos que, uma vez ou outra,
teremos que diferenciar nossas ações.
A água que banha um,
outro não banha.
Não é possível voltar ao passado
e revivê- lo.
Uma vez,
tendo a nascente sido prejudicada,
prejuízos se espalharão por todo o rio.
Assim, também, é na vida.
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EU E O RIO (Claudio Verli de Almeida / 42 anos)
Ele sempre se renova
trazendo alegria ou tristeza por onde passa.
O seu caminho é nostálgico.
Sento-me na ribanceira
vendo que divide, impondo fronteiras,
sem que, com isso, tome partido.
Pelo contrário,
tal mãe entre dois filhos,
não faz distinção.
Cruzo-o em meu percurso.
Minha impetuosidade
desrespeita as fronteiras impostas.
Tem anos de existência e eu, poucos.
Os antigos retratam-no com reverência,
sinalizando nossa dependência.
Dessa época para cá,
alguma coisa mudou (e muda).
Mergulhar em seu ser traz novidade.
Em seu curso,
vejo uns a favor e outros contra.
É certo nas suas idas e vindas:
ora traz, ora leva; ora enche, ora esvazia.
Há importância nesse leva e traz.
Permite-me comparar
com o curso da minha existência:
ora doce, ora salgado; ora cheio, ora vazio.
Mas... estamos vivos!
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ENCONTRO COM O RIO (Thayná de Almeida Ferreira / 16 anos)
Sentada no banco, à margem do rio São João,
debaixo da sombra de uma aroeira,
envolvida pelos seus galhos repletos
de pequeninas frutas de um tom vermelho-escuro,
sinto-me em comunhão com a natureza.
Comparo minha vida com o rio.
Às vezes, ele está calmo, outras, agitado.
Tem hora que não se movimenta
nem para trás, nem para a frente.
Nunca é o mesmo; está sempre mudando.
Quando sento à beira do rio,
busco apreciar cada movimento, cada detalhe:
a água, a vegetação, os animais.
Fico feliz por estar nesse lugar
que, a tanta gente, encanta.
O rio é como nossa vida,
sempre traz novidades.
Mesmo que não encontre algo diferente,
busque ir mais longe, cada vez mais...
Veja a vida com um novo olhar.
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RIO SÃO JOÃO (Luiz Sergio Gomesm / 53 anos)
Maravilhoso rio São João.
Revela exuberância e beleza
da nascente até à foz.
Idas e vindas das marés,
as intempéries ao longo dos anos.
Nada lhe tira o vigor.
Inconsequentes, mesquinhos e gananciosos,
desnudam-no,
retirando-lhe a mata ciliar, seu mangue e seus bichos,
aterrando-o com dejetos.
Berçário de múltiplas espécies
que ao homem apetece;
suas águas nos dão de beber e nos alimentam.
Há tempos, o rio clama:
"Muitas espécies dependem de mim;
já não me respeitam mais.
Deixem-me viver !
Quem sabe, um dia, poderemos coexistir ?"
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A NATUREZA TOMA O CONTROLE (do ponto de vista de uma janela)
(Lucas Leal da Silva Cavalcanti / 19 anos)
Eis a reação da natureza
quando o homem invade o seu espaço.
Por mais que me abata,
e ainda que agora
meu canto não fora respeitado,
e, contudo, meu interior fique abalado,
cheguei à conclusão:
tomarei o controle.
Avanço, sorrateiramente,
mais discreta que a gente
que tanto me destroçou.
Assim, digo que a desculpa acabou.
E, portanto, invado sem piedade.
Com minha intrusão, mostro a verdade,
mesmo que resulte em danos,
e os homens, enfim, "entrem pelos canos".
Não há maIs tempo a perder:
a retomada começou.
O verde toma o lugar do concreto.
No começo, acham bonito
o tanto que valoriza o local.
Mas o que parecia uma maravilha,
toma-se por praga.
E a retomada - enfim - acabou.
O equilíbrio é inevitável.
A opinião externa é suportável.
No meio do caos,
uma pequena clareira: a janelinha.
A natureza, por deixar a brecha,
que emerge tão rápido como flecha,
que não tarda a perguntar:
- Será que ainda é um bom lugar para morar ?
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À BEIRA DO MAR (Welerson da Silva Hermógenes / 17 anos)
Um homem solitário a pescar.
Esvazia a mente
ao olhar para o mar.
Vendo aquela imensidão,
reflete sobre o seu dia
e sente um pouco de alegria.
Paciente, espera pegar um peixe.
Mas percebe que, se não cuidar do mar,
peixe algum irá pescar.
Isso desperta o homem
para novos aprendizados
que não podem ser perdidos.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
DEPUTADO ALUISIO ASSUSTA PT
Em ambiente
político tudo pode acontecer, principalmente em ano eleitoral. O deputado
federal Aluisio Santos (PV) deixou o arraial petista em polvorosa ao aceitar
costurar acordo com o senador Lindberg Farias (PT) sobre possível coligação em
Macaé para a eleição a prefeito. Mais assustados ficaram ainda ao saberem que
Aluisio não abriu mão de escolher sua candidata a vice, Ivânia Ribeiro. Isso
ocorreu, mas pode mudar, porque política é como nuvem no céu.
Como se sabe,
o jovem senador Lindberg está de olho no governo do Estado e, esperto como
raposa, já começa a assentar sua base política no interior aproximando-se de
candidatos com mais cotação eleitoral.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Turma de 64 do Luiz Reid faz segundo encontro em Macaé
No momento em que a ditadura militar se implantava no Brasil, submetendo ao total silêncio as liberdades democráticas por longos 21 anos, uma turma de 40 alegres adolescentes do Colégio Estadual Luiz Reid terminava o curso ginasial. A maioria das meninas, como era a orientação familiar na época e numa Macaé sem outras opções, ingressava na então prestigiada carreira de professor, o curso Normal. Já os meninos, pensando em voos mais altos e difíceis, optavam pelo chamado curso científico.
E lá se foram 48 anos de uma saudável convivência, de muito humor e de tão profunda amizade que os sessentões de agora, numa iniciativa dos médicos Edilson Barreto Antunes, Leandro Mattos Soares e Niraldo da Silva Ribeiro, da professora Lúcia Lobo da Silva e Lúcia Quinteiro, resolveram fazer um novo reencontro em Macaé, reunindo no último sábado (28) vinte colegas de turma para uma confraternização no colégio Alfa, com almoço, muitas recordações, gozações e ainda sob os acordes musicais de Gil Savana.
A alegria foi tão contagiante que alguns resolveram expressar sua emoção, como o engenheiro Jorge Ribeiro, hoje residente em Florianópolis: -"É uma lembrança indescritívível, é como se estivesse rodando um filme de um distante passado. E encontrando essa turma aqui, parece que tudo volta como era, uma alegria imensa em poder reviver isso. Cheguei a mandar um e-mail para Lúcia, dizendo: vocês encontraram a chave do portal do tempo. Lembro-me muito bem de quando saí daqui para o Rio enfrentar o disputado pré-vestibular e fazer engenhaira na Universidade Católica de Petrópolis. Mas estou há 32 anos no Sul, sem deixar de voltar anualmente a Macaé, minha terra querida, onde ainda tenho familiares. E quando venho aqui não deixo de lembrar daquele gostoso hábito da então familiar Macaé dos anos 60, quando a prefeitura interrompia o trânsito de veículos entre o Belas Artes e a Marechal Deodoro para o vaivém dos jovens e suas paqueras. Sinto que nossa cidade perdeu sua identidade. É difícil encontrar alguém aqui de raiz".
A campista Regina dos Santos Brito disse que tem muitas recordações daqui: - "A vida nos deixa marcas profundas, e quando chegamos a uma certa idade, encontrando agora colegas de quando tínhamos quinze anos, vem-me à memória uma grande paixão que tive, que foi o colega Leandro. Então, é muito gratificante rever isso, lembrar saudosamente desse tempo de muita alegria, ingenuidade e sonhos. Há muito tempo sem voltar à Macaé, estive no Cavaleiros e lembrei muito do meu irmão (falecido) Renato. Isso para mim foi demais". Depois do Nornal aqui, Regina foi fazer Serviço Social na UFF, trabalhando por 17 anos no Sesi, em Campos, depois fez mestrado na área de educação, com atividade na Universidade Cândido Mendes.
O advogado e administrador de empresa Marcos Duboc é daquela turma "C" de 64: - "Não sou macaense de raiz como a maioria da minha turma, mas me considero como tal, pois vim para cá com apenas três anos de idade, em 1952. Na época, do Rio a Macaé, a estrada era de terra, mesmo assim viemos de jeep, com meu pai, minha mãe e meus irmãos, uma viagem longa, mas muito interessante, uma grande aventura para mim criança. Lembro do encatamento ao passar pela comprida reta de Barra de São João, com muita areia e a mata de ambos os lados. Macaé era uma pequena cidade em que praticamente todos se conheciam. Se alguém casava todo mundo ficava sabendo, assim como quando alguém falecia. Isso mudou e não é nada bom para os da terra. O Luiz Reid foi uma escola que teve professores muito especiais, como nosso professor de matemática, Pierre Tavares, Edith Arenari, que foi miss Campos, Dionete Lobo e dona Isabel Simão. Quando saí daqui e fui estudar no Rio num colégio muito puxado, só tive dificuldade em inglês porque aqui não tinha laboratório. A base que trouxe do Luiz Reid foi fundamental para o vestibular. Quando conto para amigos sobre esse nosso encontro, eles ficam com inveja".
Já aquela menina que acalentava o sonho de ser professora e hoje é dona do excelente Alfa, Lúcia Maria Lobo da Silva, disse, muito emocionada, que "esse reencontro é como se voltássemos a nossa Macaé antiga, aquela Macaé que conhecíamos as famílias, pai, mãe e irmãos. Essa nossa turma do ginasial foi muito especial, de forte amizade, que foi a razão desse segundo encontro. Depois do ginásio fiz o Normal e também Pedagogia, porque a educação sempre foi minha direção, o meu sonho. O universo conspirou, porque meu marildo Geraldo também tinha um sonho, por isso temos hoje o Alfa, com cerca de 300 alunos, com educação infantil e ensino médio, dentro de uma proposta que estimula a criança a buscar o aprendizado de forma prazerosa, com base em valores humanísticos".
Da turma "C", Macaé ganhou três excelentes médicos, oriundos de famílias de grande prole e limitados recursos, como Edilson Barreto Antunes: - "Terminamos o ginasial quando a ditadura abriu suas asas sobre nós, em 64. Com ela, sofremos o dissabor de ver vários queridos professores sendo denunciados sem razão, presos e humilhados. Eu e Niraldo fomos para Niterói fazer o pré-vestibular em 68, depois de terminado o científico. Aliás, eu e Niraldo temos uma história de vida interessante, porque desde o primário até a faculdade de medicina estivemos juntos. Altamente politizada, a UFF foi palco de muita discussão e reação e, como consquência, tivemos vários colegas de turma perseguidos e presos. Pegamos o período mais duro da ditadura, entre 69 e 74. A gente era jovem, pobre e muito focado em ser médicos, por isso mantivemos um prudente distanciamento. Eu, Niraldo, Daniel Galiza e Roberto Pires fomos da mesma turma,. Então, quando a gente consegue reunir nossos colegas da turma "C" de 64 é de extremo valor e alegria, reavivando nossas memórias e vendo que todos foram bem sucedidos".
Niraldo lembrou que naquele tempo "nós éramos filhos de família grande e pobre. Lembro que vivia praticamente à base da sanduiche e comendo macarrão, que a gente mesmo preparava, grudando sempre no fundo da panela. Meu pai (Pierre) era professor e eu sabia o duro que era receber algum dinheiro de casa. Felizmente, no primeiro ano já comecei a trabalhar em Banco de Sangue, em Pronto-Socorro, e então pude aliviar a situação".
Lembra Leandro: -" Quando saí de Macaé em 67 para estudar na faculdade de medicina, que era na Alvaro Alvim, na Cinelândia, o Rio era a capital do Brasil. Apanhei muito por causa de um tal de Vladimir Palmeira (líder estudantil das passeatas da UNE), porque todos os dias ele agitava o povo com seus discursos contra a ditadura, onde é hoje a Câmara dos vereadores. Então, quando saía da faculdade e passava por ali para pegar as barcas de volta a Niterói, a borracha comia solto. Com apenas dezessete anos, saindo de uma cidade pacata como Macaé e sem nenhuma formação política, a gente só queria estudar e não tinha nenhuma ideia do que havia por trás daquilo. Só que quando tomei pé da situação, com a estudantada revoltada com a truculência da ditadura e a falta de liberdade, passei a fazer o que a maioria fazia, enchendo os bolsos com bolinhad de gude e rolhas para jogar sob as patas dos enormes cavalos que a polícia usava para dispersar a turma. Mas até chegar às barcas o pau comia em nosso lombo. O importante é que a ditadura, apesar do longo tempo, não conseguiu podar e nem alienar nossa geração. O que me entristece hoje é que não temos o Luiz Reid, um colégio público, como antigamente".
Edilson, Leandro e Niraldo falam da felicidade que foi sair daqui, numa época difícil, e poder voltar para o nobre exercício da medicina. Com justo orgulho, Edilson não esqueceu a importância desse retorno: - "Nós três voltamos e fomos atuar no Hospital São João Batista, uma Casa de Caridade, onde estamos até hoje, desde 1974. Fazemos medicina privada, somos aposentados, mas até hoje estamos atendendo doentes ali. Leandro, por exemplo, foi Provedor durante vinte um anos e eu fui por nove anos, E Niraldo foi sempre muito ativo na enfermaria do hospital. Esse é o prazer que temos, porque somos daqui, porque para ser Provedor tem que ter uma história de Macaé. Temos orgulho disso".