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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

LAURITA – UMA CIGARRA QUE ALÇOU VOO À ETERNIDADE

Para quem teve o privilégio de frequentar, algumas vezes, como eu, a casa de dona Laurita Santos Moreira e sentar à mesa farta de deliciosas bolos, chá e café ao lado de poetisas apaixonadas pela arte literária, não pode silenciar, ficar indiferente diante do seu falecimento.
De tradicional família macaense, dona Laurita Santos Moreira enriqueceu sua vida, até os 87 anos, produzindo poesia e com muita leitura sobre a história de sua amada Macaé, onde seu pai, o coronel Sizenando de Souza, foi prefeito por dois mandatos, 1924-1927 e 1929-1930.

Foi grande e próspero atacadista, de postura empertigada, irredutível em suas convicções políticas enfrentando a forte oposição de Alfredo Backer, mas sem perder a ternura e jamais deixar o rancor dominar seu espírito, como um dia o revolucionário Guevara procurou ensinar aos companheiros. Dona Laurita herdou do pai o gosto pela arte, porque Sizenando, com grande capacidade de memorização, decorava poemas e poesias de Castro Alves, Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e habitualmente declamava, com voz empostada, “Navio Negreiro” e “As Primaveras”.

Um fato interessante que dona Laurita me contou em entrevista ao Macaé Jornal há quatorze anos, aconteceu quando menina, com a histórica vinda do Presidente da República Washington Luiz a Macaé, sua terra natal, em 1927. Lembrou que como a esposa do presidente da Província do Rio de Janeiro, Feliciano Sodré, era muito tímida, foi sua mãe quem assumiu a responsabilidade pela recepção do presidente na bela residência de Maciel Taboada, demolida para dar lugar ao feio prédio onde hoje está o Bradesco.

Segundo Laurita, a cidade se alvoroçou com a notícia e só se falava que “o homem vem aí, o homem vem aí !”. E ela, sem entender, só queria saber que homem era esse. Com a curiosidade aguçada, até a chegada do trem trazendo Washington e sua comitiva de seis ministros e muitas autoridades, ela alimentou o doce desejo de conhecer o tal homem. Não conseguiu vê-lo no desembarque, porque havia “muitos homens grandes” em sua volta e que não se importavam com a curiosidade de uma criança. Na alta varanda da bela casa dos Taboada, na Rui Barbosa, Washington discursou para os macaenses (infelizmente, nenhuma fotografia temos). Dali, seguiu para a Casa de Caridade, onde, ao subir a escadaria, surgiu o momento feliz para a menina Laurita poder vê-lo. Sem se inibir diante da rigidez protocolar de políticos e autoridades de chapéu e colarinho alto, gritou a plenos pulmões: -“Olha o homem, olha o homem!”, assustando os mais próximos.

Como a tradição inglesa com seu chá da tarde, ela fez de sua casa uma resistência cultural ao embrutecimento e a perda de identidade de nossa cidade com a exploração petrolífera. Trouxe ao seu aconchego familiar amigas professoras com a sensibilidade poética que a fazia se emocionar, criando um “Coro de Cigarras” que no 2º sábado de cada mês sentavam à mesa para degustar os bolos que fazia e expor as últimas produções literárias. No dia 11 de novembro as cigarras já não terão dona Laurita para comemorar 15 anos de alegres tardes de convivência cultural. Fica a saudade dessa figura importante nos corações das professoras-cigarras Marilena Murteira, Celita Aguiar, Inez Vieira, Éstia Baptista, Ivânia Ribeiro, Aurora Pacheco, Vera Lyrio, Sandra Waytt e Oscar Baptista, que ao lado de Sonilton Campos (falecido) formava a dupla de varões com muitas produções poéticas. A perda foi grande e doída para espíritos tão sensíveis, mas esse grupo sabe que em nome do amor, do afeto, do belo, da natureza e da esperança é preciso que a arte não se recolha, que é necessário manifestá-la sempre para ajudar nossa humanidade a ser melhor.

MISTO QUENTE

DEU CANSEIRA: Foi esta campanha política que chega ao 2º turno encrespada, de tanto denuncismo e falta de elegância no trato político. Sem conteúdo programático, em razão do que o governo Lula fez em seus quase oito anos, a opsoição entendeu que a alternativa seria desgastar a adversária. O machismo entendeu que, por ser mulher, Dilma seria facilmente desmoralizada nos debates. Deram com os burros n`água.

MARINA E GABEIRA: Ambos desafinaram. Ela, talvez remoendo profunda mágoa com sua saída do Ministério do Meio Ambiente, não conseguiu segurar, como é humano, possível resquício de vingança, deixando Dilma à própria sorte, depois de conseguir o que queria mostrar, força e independência, levando a eleição para 2º turno. No íntimo, Marina sabe que vingança é um prato que deve ser comido frio. Já Gabeira, jogou sua história no lixo ao apoiar os representantes da velha política do café-com-leite, São Paulo e Minas tentando voltar ao poder.

DAVI x GOLIAS: Na sua campanha para governador, Garotinho, para causar impacto e expor o poder do adversário, cunhou a frase: “a campanha do tostão contra o milhão”. Agora serra, imitando a idéia, diz que sua campanha é de Davi contra Golias. Só que sua cara parece mais com a de um filisteu apavorado. Se nem sabe o que é um estilingue, como vai manejar uma funda?

PAULO PRETO: Caso escabroso que envolve esse engenheiro do governo de São Paulo, responsável pela fiscalização e liberação de pagamentos às empreiteiras que construiram o Rodoanel. Segundo a IstoÉ, acumulou riqueza incompatível com seu salário. Chegou até a emprestar R$ 300 mil ao recém eleito senador Aloysio Nunes (PSDB) para a compra de um apartamento. Serra explica?

ÚLTIMA CARTADA: Chegou à cúpula do PT que falsos petistas foram contratados pela oposição para uma desesperada e última tentativa de mudar o jogo: causar tumulto na passeata de Serra em São Paulo, na sexta-feira. O PT já se prepara para evitar o golpe.

FERREIRA GULLAR: Um grande poeta com miopia político-social. Entrevistado em Portugal, disse que “Lula comprou os pobres do Brasil”. Seu apoio à candidatura Serra mostra que deve ficar restrito aos voos literários. Já Lula entende que primeiro o povo precisa comer. Ao poeta, faltou sensibilidade e respeito em relação aos excluídos.

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A UTOPIA DE MARINA E SEUS VERDES

Marina Silva, seguida pela quase totalidade das lideranças do Partido Verde, resolveu optar pelo que chama de independência (ou melhor, neutralidade) neste momento histórico em que renhidas forças de orientação neoliberal e socialista disputam a presidência do Brasil.

Certamente avaliou que os quase 20 milhões de votos dados ao partido poderão ficar congelados até 2014, como num banco genético, quando servirão de base para se multiplicar em milhões de seu DNA numa nova eleição. Uma decisão arriscadíssima, como filosofou Heráclito, dada a fluidez das coisas, principalmente em relação ao sentimento do eleitor e as incertezas de um novo momento político daqui a quatro anos. E, com certa dose de vaidade, a maioria das lideranças crê numa vertente purista, imaculada, por isso não pode se misturar com os outros, os chamados desenvolvimentistas e conservadores. Mas não pensaram assim os pragmáticos verdes de São Paulo, atraídos por cargos e as futuras benesses do governador eleito, Alckmin.

Ora, é preciso não esquecer as raízes históricas e genuínas do que chamamos de esquerda e direita na Revolução Francesa, quando membros do chamado Terceiro Estado (pró República contra a Monarquia) sentaram à esquerda do rei enquanto os do clero e da nobreza se sentaram à direita na Assembleia dos Estados Gerais. Embora na ditadura militar esquerda ficou com o estigma de comunista, o conceito hoje, na verdade, significa uma opção pelos mais fracos, pelos excluídos do desenvolvimento gerado pelo capitalismo concentrador, da natureza dos neoliberais.

Com essa postura, em cima do muro, Marina e os verdes que a seguem vão continuar em busca da Utopia de Thomas Morus, um lugar onde vive uma sonhada sociedade ideal, sem corrupção e dirigida por pessoas sábias, assim como queria A República elitista platônica, com sua Callipolis (cidade bela). Sonhar é bom. Mas no campo ideológico o sonhador fica no meio do caminho. Portanto, fica evidente que Marina se preocupou em preservar seu nome, sem analisar que os 20 milhões de votos vão se dispersar e já não serão, a rigor, mais seus. É lamentável essa decisão, principalmente porque seu aprendizado histórico e sua consciência política se despertaram no exercício do contraditório dentro do PT, o que seria difícil de imaginar no ambiente dos tucanos e democratas.

De seringueira nas matas do Acre ao lado de Chico Mendes, chegou a ser ministra do Meio Ambiente, projetando seu brilho como mulher determinada, corajosa, ética e afinada com a defesa dos excluídos, como ela foi. Então, se houve conflitos com o PT ou com a ex-ministra Dilma, seria hora de se buscar reparos num novo projeto de governo, porque a gente aprende fazer fazendo, consolidando o conhecimento com a prática do ensaio e erro.

Posso me equivocar, mas é bem provável que o nosso deputado federal dr. Aluízio, eleito com expressiva votação, não vai fazer como Gabeira e os verdes em São Paulo, seguindo os representantes daquela ultrapassada e excludente política do café-com-leite, quando a elite de São Paulo e |Minas Gerais se uniam para manter seus privilégios.

Misto Quente

TV GLOBO CENSUROU: Embora tenha combatido toda forma de censura e contribuído para que a Justiça autorizasse programas humorísticos de retratar personalidades do mundo político, a TV Globo estranhamente censurou Casseta & Planeta, impedindo que seus autores façam qualquer gozação com Tiririca e Netinho. Por que será?

A VELHA IGREJA: Apesar de sua longa e triste história de confronto com o livre arbítrio, venda de indulgência, perseguição, prisão, tortura e morte na fogueira, a Igreja Católica continua com sua ânsia de domínio político, apesar de o Brasil ser um país laico, onde as denominações vivem pacificamente, embora com recaídas de intolerância que ela mesma ajuda a provocar. Bispos moralista, falam sobre aborto e ainda tentam induzir seus fieis, silenciando sobre os crimes de pedolia de grandes autoridades eclesiais que ainda estão por aí. Não foi sem razão que os sábios Leonardo Boff e Frei Betto pularam fora desse poder com líderes cegos guiando cegos. Cristo jamais conseguiria entra nos suntuosos salões do Vaticano.

JUNTOS POR SERRA: Folha de São Paulo e O Globo estão escancaradamente fazendo a campanha do candidato do PSDB. Depois do mensalão, do caso Erenice e da polêmica fundamentalista levantada sobre o aborto agora a Folha quer que o Supremo Tribunal Militar (STM) lhe dê acesso ao conteúdo do processo movido pela ditadura contra Dilma Rousseff, mas o tribunal, sabendo da exploração política, adiou o julgamento do pedido. Ora, é evidente que nesse processo há a mão pesada do ditador sobre quem torturou cruelmente e jamais qualquer dado que a coloque em confortável situação. Covardia desse jornal que apoiou os ditadores. Fez bem o presidente do STM, Carlos Alberto Soares, ao dizer: -“Sempre fui muito independente e não quero que usem m,eu tribunal politicamente. Se quiserem me bater na imprensa, podem bater. Eu arco com esse ônus.”

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

DILMA VENCEU SERRA E MARINA

A oposição, eufórica, fala em segundo turno como se fora uma derrota da candidata petista Dilma Rousseff. Para quem foi diariamente chamada de incompetente pela grande imprensa e iniciou sua campanha com apenas 7% nas pesquisas, enquanto José Serra aparecia com 40% e visto como o mais preparado, a votação nas urnas mostrou o contrário, que mais de 47 milhões (46,91%) de eleitores queriam Dilma presidenta do Brasil, ultrapassando Serra em mais de 14 milhões de votos, que no final despencou para 32,61%.

E o segundo turno só aconteceu por causa do fenômeno verde que projetou Marina Silva, não pela “competência” de Serra, que ainda teve a imprensa a seu favor, a maledicência de internautas e o fundamentalismo religioso exploranado a polêmica questão do aborto, desfocando da discussão temas importantes como a economia, desemprego, educação, saúde e a relação da mulher no mercado de trabaho, onde estão milhões delas são chefe de família. Ora, aborto é uma questão de saúde pública e de foro íntimo, que precisa ser discutida pelo Congresso, onde estão aqueles que escolhemos como nossos representantes. E há um bom tempo o Estado se tornou laico, cabendo à religião o papel de evangelização e não de envolvimento em questões políticas, disseminando dúvidas no seio do povo. A época do “vai reclamar com o bispo” já vai longe. Mas a oposição vai continuar apelando para qualquer assunto que sirva para desgastar a adversária. Como disse em sua coluna Zuenir Ventura, “... o candidato do PSDB (Serra), por exemplo, não demorou a descobrir: “Tenho muita afinidade com o PV”, com quem fez parceria quando governador. “A área ambiental para mim é prioritária.” E mais: “A nossa lei de muidanças climátricas é considerada a mais avançada do Hemisfério Sul”. Mas quem ouviu serra falar em prioridade para o meio ambiente nos progamas de televisão? Em ato falho na tv, criticou Marina, dizendo que Dilma e ela têm muito mais coisas em comum.

ALUÍZIO BRILHOU E ASSUSTOU A OPOSIÇÃO

Fenômeno eleitoral, inédito na política local, o respeitado médico Aluízio consegiu a façanha de se eleger deputado federal pelo Partido Verde com 54.011 votos apenas no município, totalizando 95.412 no Estado. Suplantou até mesmo o badalado presidente do DEM nacional, Rodrigo Maia, filho do ex-prefeito Cesar que foi derrotado para o Senado. Aluízio agora passa a ser, até 2012. motivo para muitas análises e aflições. Já teve vereador cobrando dele o cumprimento do mandato. Por que?
Outro que se deu bem também foi o peemedebista Adrian Mussi, com 72.824 votos. Sua baixa votação em Macaé (18.630) deixou o prefeito Riverton, com razão, muito irritado. Na política, traição faz\ parte do jogo. Assim entendem muitos vereadores. Na Assembléia teremos também a reeleição de Christino Áureo (PMN), que alcançou 74.336 votos. Em Macaé, teve a aprovação de 13.910 eleitores.

PARA SERRA SUPERAR DILMA

Tomando por base os dados da eleição e mantendo a configuração de votos nulos, em branco e as abstenções em 31 próximo, Serra terá que abocanhar 73,94% de votos de Marina (14.519.151) para se igualar a Dilma, porque certamente quem votou nela continuará votando. Então, a vitoriosa é ela, que só não presidenta hoje por uma questão legal, pois a Constituição prevê segundo em caso do candidato não alacançar 51% dos votos. Já para governador e senador um voto a mais basta na disputa.
Om bom é que Lula conseguiu alijar do Congresso velhas raposas que tudo fizeram para, como Collor, abrir um processo de impeachment. Figuras como Tasso Jereissati, Jarbas Vasconcellos, Arthur Virgílio e outros.

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