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terça-feira, 30 de setembro de 2008

CLÁUDIO ULPIANO, VIVO COMO NUNCA

Embora falecido em 1999, o professor macaense, profundamente dedicado às reflexões filosóficas e que disseminava a ciência do pensar metódico fora do ambiente acadêmico, ao estilo do peripatetismo aristotélico e da maiêutica socrática, continua vivo nos corações e mentes de muitos ex-estudantes e artistas que tiveram o privilégio de discutir com ele as grandes inquietações do espírito e aprender a pensar com a lógica dos grandes filósofos, antigos e modernos, que enriquecem a cultura da humanidade.
No domingo passado (28/09), a jornalista Karla Monteiro fez matéria sobre ele na Revista O Globo, enfocando os anos 80 e 90, quando conquistou expressivo número de pupilos empolgados com sua forma descontraída e informal na abordagem de assuntos tão fascinantes e complexos para um mundo tão envolvido com banalidades e os fortes apelos do sensualismo da moda e do mercado.
Como Sócrates, que nada escreveu, Ulpiano se deleitava em falar, em expor, com excepcional fluidez, suas idéias e o pensamento dos principais filósofos, antigos e modernos, como Gilles Deleuze, por quem nutria profunda paixão. Por isso, para não perder nada do que o mestre expunha, muitos discípulos gravavam suas aulas em fita cassete. Graças a isso, um grande acervo ficou, possibilitando o resgate de muitas de suas lições agora divulgadas através da Internet pela sua ex-companheira Silvia e a enteada Renata Aguiar, que têm a intenção de transformar essas fitas em CDs.
Contagiados pelo espírito libertário e pelo profundo humanismo que passava, muitos de seus alunos se juntaram à Silvia e Renata e criaram o Centro de Estudos Cláudio Ulpiano, que já dispõe de um site com algumas de suas aulas (www.claudioulpiano.org.br) transcritas.
Para nós macaenses, principalmente aqui de O Rebate, é uma imensa alegria poder viajar com Claúdio no mundo das concepções filosóficas através da internet, lembrando dele no Belas Artes, na década de 60, com seu cigarrinho, sempre com um livro a tiracolo, degustando xícaras e mais xícaras de cafezinho. Depois dali, eu, Milbs e Eusébio, com ele caminhando no silêncio da madrugada pela Rua da Praia, íamos fechar a noite no Imperatriz, parada dos ônibus da Viação Santo Antônio.Para quem é amigo do saber e está a fim de aprofundar e burilar seus conhecimentos no estudo dessa ciência do pensar com liberdade, entre no site acima para se informar melhor. Não seria saudável e interessante se, a exemplo dos antigos filósofos gregos no areópago, formássemos um grupo para, talvez mensalmente, em qualquer ambiente agradável, até mesmo num pic-nic no campo, colocar em discussão os temas levantados por Cláudio? Que tal se Sandra Wyatt, Marilene Carvalho, Eleonora, Adriana Bacellar, Gerson Dudus, Fernando Marcelo, Ricardo Meireles e outros abraçasssem essa idéia, que também comportassem assuntos atuais desta sofrida cidade agredida pelo que chamam de progresso?

45 - O TIRO DE MISERICÓRDIA?


Estava quieto em meu canto, recolhido em reflexões literárias à sombra de fruteiras ouvindo o belo canto matinal de uma sabiá sempre em meu quintal, admirando a alegre algazarra de bem-te-vis e sanhaços, quando as ondas portadoras da propaganda eleitoral invadem o espaço em altos decibéis tentando nos convencer, com a mística fatalista dos mulçumanos, que “agora é tudo ou nada, ou você está com tudo ou não está com nada”, que a única solução para Macaé é votar no 45.
Lembrei-me das orientações do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ayres Brito, sobre o político com ficha-suja e a responsabilidade do eleitor em dar um cartão vermelho para ele com seu voto. Também do ministro Marco Aurélio Mello, ao dizer que o político não tem o direito de alegar vida privada para se blindar. Por isso, como cidadão desta terra invadida, atropelada e atormentada pela violência, ao me ver sob a ameaça de um quarto governo que se repetiu por doze anos e se exauriu pela frustração que causou, resolvi deixar de ser vítima passiva diante das besteiras e afrontas que venho ouvindo através dos escandalosos carros de som. A ousadia de Teixeira em querer voltar ao poder, talvez por vaidade ou para dar uma chance ao filho mais na frente, me dá o direito de expressar meu desagrado e apontar as razões.
Para quem está em conexão com os acontecimentos desta cidade e deseja vê-la caminhando rumo a um estágio mais avançado de vida, pode estabelecer melhor juízo de valor e saber, com mais certeza, quem está tentando passar a imagem de competente e falando a verdade. Acompanhei os oito anos consecutivos da administração passada e vi que ficou devendo muito em relação à ética, à eficiência no trato com a coisa pública e às obras prometidas. Vi, por exemplo, uma poderosa empreiteira, sempre com contrato na prefeitura, ser denunciada na Justiça pelo Sindicato de Asseio e Conservação por irregularidades trabalhistas e que era dona de outras 18 empreiteiras, todas localizadas numa mesma pequena sede no Lagomar. Acompanhei investigação aberta pela Promotoria Pública contra o secretário de Obras, dono de uma empreiteira criada em 1997, dirigida por jovens sobrinhos, e que só fazia contratos com a prefeitura. Assim como milhares de contratações de mão-de-obra através de uma de uma falsa cooperativa, que a Justiça condenou e determinou o prefeito a não mais ter relação com ela, obrigando-o a abrir concurso público, como determina a Constituição Federal.
Como o candidato diz que “é só olhar para ver”, seria bom refrescar a memória do eleitorado, citando algumas obras prometidas em sua “Plataforma de Governo 2001/2004 – Macaé não pode parar” e que não foram não foram realizadas, como: 1 - o complexo administrtativo de Virgem, para onde seriam transferidas as secretaria que funcionavam no Barracão; 2 - a implantação do sistema de guaritas nas entradas da cidade; 3 - a implantação do Banco do Povo; 4 - reflorestamento dos morros e encostas, com limpeza e preservação dos rios e lagoas; 5 - construção de 4.000 casas em conjuntos habitacionais, dotados de creche, escola, saneamento básico, área comercial, esportiva e médico de família; 6 - conclusão projeto orla da lagoa; 7 - saneamento e asfalto em todas as ruas dos bairros Miramar e Visconde, até atingir todos os bairros periféricos; 8 - moderna urbanização da Av. Alcides Mourão, na Aoreira; 9 - projeto orla Imbetiba e construação do Mirante da Imbetiba; 10 - revitalização do sítio denominado Outeiro de Sant`Anna, transformando-o em atração turística; 11 - cobertura e urbanização do canal da Av. Fábio Franco, desde a Aroeira até a Linha Vermelha; 12 - construção de estações de tratamento de esgoto na Aroeira, Praia Campista, entrada da Lagoa Imboacica, entre outros bairros, até atingir a meta de 100% de cobertura da cidade e distritos; 13 - instalar 80 km de rede coletora; 14 -construção de abatedouro/frigorífico em área de 15 alqueires já desapropriada; 15 - construção de novo terminal rodoviário intermunicipal; 16 - construção da avenida beira-rio, margeando o rio Macaé, desde a Presidente Sodré até o Botafogo; 16 - implantação do metrô de superfície, do Lagomar ao Parque de Tubos. Pois é, por aí vai, dezenas de outras obras importantes prometidas e esquecidas até mesmo nesta campanha, como o tratamento de esgoto global da cidade.

Promessa enganosa em ano eleitoral

O ministro da Justiça Eleitoral, Ayres Brito, fala sobre a importância do voto e a responsabilidade que o eleitor tem de escolher bem quem vai representá-lo no Legislativo e administrar sua cidade. Já o ministro Marco Aurélio de Mello, mais incisivo, chegou a dizer que o candidato não tem o direito de evocar vida privada para se blindar das críticas, direito inalienável no processo democrático, que se fortalece no saudável exercício do contraditório.
Então, quando exponho minha crítica, sem camuflar minha identidade, o faço como um macaense de raiz, indignado com as três administrações de quem não mudou nada, aliás, mudou sim, para pior, quando vimos nossa cidade perder sua pacatez, tomada por ondas migratórias destruindo o meio ambiente e colocando-a como uma das mais violentas do Brasil. Macaé merecia um administrador com mais visão, com mais largueza de espírito, com a postura gerencial de quem tem metas a seguir e resultados operacionais a conquistar em todas as esferas do Poder Público. Portanto, não se trata de perseguição ou ressentimento, mas de um direito que evoco para não ter que ver a reprise de um filme que não agradou. Tudo que vou usar aqui tem sustentação em fatos, nada inventado, porque nem é preciso isso, basta trazer à lembrança do eleitor algumas situações e recursos escusos que o candidato que quer voltar ao Poder usou em seu governo.
Veja a propaganda enganosa publicada no Jornal do Brasil(imagem), a poucos meses da eleição de 2004.


No detalhe, veja a megalomania publicitária do ex-prefeito, ao dizer que o programa de saneamento de Macaé é o maior do Estado do Rio e entre os melhores do Brasil. Não temos, então, de cobrar do candidato mais responsabilidade sobre o que diz?

Descanse em paz, num jardim...

Depois de comerciante, dono de bar e restaurante, Sylvio Lopes viu no ramo do serviço funerário um rentável negócio a ser explorado com visão empresarial, mas com um obstáculo a ser vencido, a concorrência incipiente que havia. Daí, com boa penetração no meio político, bolou um plano que sensibilizou o Legislativo macaense e a prefeitura, a ponto de obter o privilégio do monopólio do serviço funerário aprovado pela Câmara.
Em novembro de 1978 o jornal O Debate chegou a fazer uma matéria, sob o título acima, expondo o sonho de um projeto que lhe facilitaria as coisas, como a construção de um Jardim da Saudade ou Parque da Colina, para tornar menos doloroso o sepultamento de um ente querido, coisa que o cenário dos cemitérios da Rua da Igualdade, já saturados, não ofereciam.
Dizia o jornal: -“O seu plano, aprovado pela Municipalidade, proporcionará o que existe de mais moderno em cemitério, ou jardim, como seria denominado. Serão construídas cantina, sala de espera, recepção, setor de atendimento médico, estacionamento, capelas, necrotério, frigorífico e habilidosos funcionários estarão aptos a atender a todos, indistintamente, dentre outras formas de “apagar” a imagem triste. Antes de mais nada, seria escolhido pelo cliente a alameda desejada: flamboyant, rosa, acácia e muitas outras, existindo, desde já, diversos pedidos de sepultura para toda uma família”.Mesmo faturando alto com o monopólio obtido, o então empresário continuou enterrando muita gente nos cemitérios da Igualdade e esqueceu do mirabolante projeto de sua iniciativa privada, só se lembrando de mudar o local de sepultamento quando governou o município pela terceira vez, pressionado pela comunidade. Agora, continua sonhando, aventurando a quarta candidatura a prefeito, sem se dar conta da rejeição popular, como ficou provado na última eleição (2006) com sua candidatura a deputado federal, quando obteve pouco mais de 23 mil votos em Macaé, num universo de 100 mil votantes, sendo obrigado a contar com o apoio de “militantes” agindo fora daqui, como o ex-vereador Paulo Lessa em Campos, pego pela Polícia Federal, na véspera da eleição, junto com outros rapazes com muito dinheiro no bolso.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Uma pedra no caminho

A tentativa do então prefeito Sylvio Lopes de, por todos os meios, melar a indicação do vereador Riverton Mussi à presidência da Câmara para o exercício de 2004 e forçar a candidatura de Paulo Paes, fazia parte de um acerto político. Ele sabia do potencial de Riverton para vôos mais altos e de sua determinação em firmar-se sem sua tutela, pois o via como uma pedra no caminho rumo à candidatura do filho Glauco à prefeitura.
Diante da pressão que Sylvio fazia, partidários de Riverton chegaram a colocar faixas em pontos estratégicos em volta do Legislativo em tom desafiador: -“Com Sylvio ou sem Sylvio Riverton é candidato”. Pois bem, Riverton foi eleito presidente e aí já entrou em 2004 costurando entendimentos para o lançamento de seu nome como candidato a prefeito. Contrariado, mas pragmático como as velhas raposas, Sylvio teve que se dobrar ao resultado da pesquisa que mandara fazer, que apresentava Riverton com maior popularidade no partido. Viu que seria mais seguro enfrentar a forte coligação oposicionista com o sobrinho rebelde do que uma aventura com Paulo Paes, reconhecendo aí sua própria impopularidade. Como se depreende, não fosse a aceitação popular de Riverton o PSDB teria sucumbido.
Ao assumir a prefeitura, Riverton tomou um susto com a monstruosa dívida assumida, com obras inacabadas e fornecedores em atraso. Inclusive, um empréstimo de milhões tomado junto ao Macprevi (previdência dos servidores), sem que se saiba para quê, infringindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, que ficou para ele pagar em prestações de R$ 200 mil mensais, a partir de julho de 2005. Por isso, em concorrido evento na Câmara Municipal no princípio de dezembro de 2005, o prefeito chegou a desabafar ao fazer uma abordagem sobre seu primeiro ano de administração: -“Não vejo a hora do ano acabar”.
“Herança Maldita”: era assim que a vereadora petista Marilena Garcia, na tribuna da Câmara, denominava os pepinos deixados por Sylvio, ao perceber a administração Riverton travada, criticando com veemência o modelo equivocado de gestão adotado. E ao ver o esforço de Riverton em se afastar da influência do antecessor, Marilena passou a ver nisso uma oportunidade de parceria para dar um novo rumo à vida política de Macaé, conseguindo, com o apoio do vereador Maxwell Vaz, Luciano Diniz, Henrique Emery e outros, flexibilizar a postura do PT, sob a resistência dos mais radicais, e estabelecer um acordo com outros partidos para viabilizar a campanha de reeleição.
Agora são muitas pedras no caminho que Sylvio e seus filhos sonhavam trilhar para retomar o poder e procurar consolidar seu feudo.