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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

FHC FORA DE ÓRBITA

Imagine como estaria o Brasil se a crise que abala a economia mundial tivesse acontecido no governo de Fernando Henrique, quando o país registrava inflação alta, amargava uma enorme dívida com o FMI, alto ídice de desemprego e baixo nível de exportação.
Mesmo assim, o ex-presidente, pensando em 2010, talvez querendo manter a imagem de líder político moderno e de larga visão para seu eleitorado tucano, se achou em condições de aconselhar e criticar Lula, dizendo que ele precisa ser mais conseqüente, parar de dizer bobagens e que "o rei está nu". Provavelmente a morte de dona Ruth tenha colocado o homem fora de órbita, sem conexão com a terra. Ou talvez a idade, o isolamento pela perda do poder ou a vaidade que transborda, mais espaçosa do que o próprio juízo de valor, o tenham levado a se expor com tamanha falta de discernimento e desvario .
Ora, de um político com tanta bagagem cultural e experiência esperava-se sensatez nessa avaliação, uma análise coerentre e isenta em relação ao seu passado e a atual conjuntura, e não a empáfia de quem se acha superior e enxerga mais longe.
Não é necessário diploma de nível superior na parede para fazer uma comparação entre os oitos anos de FHC e os seis de Lula e ver que a administração do torneiro mecânico tem sido muito mais arrojada, equilibrada e eficiente do que a do poliglota. E ainda bem que essa crise explode agora, quando o país conseguiu manter a inflação em níveis aceitáveis para um emergente, criar uma espetacular reserva em torno de US$ 200 bilhões e ainda socorrer bancos, produtores no campo, a indústria automobilística e empresas privadas através da concessão de recursos, do retorno do compulsório aos bancos, da dilatação do prazo de pagamento de imposto e até mesmo sua redução. E em apenas dez meses deste ano o governo criou 1,8 milhão de empregos com carteira assinada, número maior do que nos oito anos de FHC.
O Partido da Social Democracia Brasileira é da mesma linha de pensamento do falecido economista Roberto Campos, autor do volumoso "Lanterna na Popa", ferino e ácido com os políticos de esquerda que defendiam o monopólio da Petrobras, que FHC quase entregou para as multinacionais, chmando-os de atrasados, verdadeiros "petrossauros". Pensavam esses neoliberais como Juracy Magalhães num evento no início da ditadura: "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil".
Então, quem diria, o estado mínimo proposto por Roberto Campos e a turma do PSDB e do DEM ficou cada vez mais espaçoso diante da anarquia financeira do chamado livre-mercado. Como se vê, ao contrário do que criticamente pensava o renomado economista, a lanterna na popa deve servir agora para que os insensatos timoneiros da nau do capitalismo selvagem vejam o estrago que fizeram.

EM TEMPO

QUASE IMPOSSÍVEL: Para não deixar nenhuma questão duvidosa que no futuro velha a lhe causar problema, Barack Obama exigiu que os candidatos a cargo em seu governo preenchessem um extenso e detalhado questionário sobre a vida pública e privada de cada um. Se Lula seguisse seu exemplo seria quase impossível aceitar os indicados pelos partidos que o apoiam.

ESTRANHA NOMEAÇÃO: Filha do cassado e falastrão deputado petebista Roberto Jefferson, a vereadora Cristiane Brasil fará parte do governo Eduardo Paes, ocupando uma secretaria. A última dela na Câmara Municipal: projeto que cria licença compulsória para os vereadores presos por mais de 31 dias. Se aprovado, o vereador Jerominho, preso acusado por comandar milícia, poderá, justificadas suas faltas, se livrar da cassação do mandato e da perda dos direitos políticos.
DESIGUALDADE: E a gente fica aqui a pensar: enquanto o governo rapidamente libera bilhões do dinheiro público para salvar capitalista que geriu mal seus negócios e/ou foi afoito demais na ânsia de acumular riqueza, crianças nordestinas passam fome, andam quilômetros a pé para chegar a escola que não tem nem cadeira, muitas outras perambulam pelas ruas das capitais cheirando cola. O capitalista tem pressa, já o capital humano vai se aguentando com o bolsa-família.

VALE QUANTO PESA: A Vale do Rio doce, privatizada a preço de banana por FHC, agora pede socorro ao governo em razão de prejuízos, embora há alguns meses tenha feito proposta de compra da mineradora suiça Xstrasa por US$ 90 bilhões, que hoje está avaliada em US$ 10 bilhões. Sua sorte foi a empresa rejeitar. Recentemente, a Vale tentava impor à China um alto preço pela tonelada do minério. Teve que recuar, porque a China não aceitou e até diminuiu sua importação, porque criou estoque suficiente ao longo dos anos. Enquanto a direção da Vale anunciava na mídia seus fabulosos lucros, os chineses enxergavam mais longe.

PASSAGENS AÉREAS: Quando o bilhete é comprado no Brasil, empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir um preço mínimo. Mas isso vai acabar ao longo do tempo, até 2010. A partir de janeiro do próximo a Anac decidiu que as companhias estarão liberadas a vender seus bilhetes para os Estados Unidos e Europa com desconto de 20%. Em abril esse desconto cai para 50%.

NA CONTRAMÃO: Fechando as portas para a saudável competição no mercado, o governador Sérgio Cabral acha mais conveniente defender interesse de investidores privados, de olho na privatização do Galeão, do que abrir espaço no Santos Dumont para a empresa área Azul, que promete tarifas bem menores que às concorrentes. Sua alternativa foi escolher Campinas para sediar a empresa, perdendo o Rio, segundo estimativa do dono, cerca de R$ 1,4 bilhão anualmente.

NA CONTRAMÃO II: Em resposta à crítica que o dono da Azul fez no domingo passado, o secretário estadual, Júlio Lopes, diz que o governo pretende concentrar os vôos no Galeão, oferecendo apenas rotas regionais do Santos Dumont para a Azul.

FALANDO EM TRANSPORTE: Por que até hoje não surgiu um empresário macaense para investir num projeto sobre os trilhos ociosos da ferrovia que cortam a cidade? Seria uma excelente alternativa para aliviar o congestionado trânsito. De uma estação no Lagomar até o Parque de Tubos o movimento de passageiros seria enorme.

BUSH X IRAQUE: Nenhum analista político ou economista de Prêmio Nobel vaticinou. As bombas de destruição em massa que o enganado povo americano pensava existir nos subeterrâneos de Sadham Hussein acabariam explodindo no quintal de Tio Sam, com muito mais poder do que os aviões que derrubaram as torres gêmeas.

PILANTROPIA: Em nome de Deus a Inquisição mandou muita gente para fogueira, mas ainda hoje, em nome da liberdade maniqueista (eixo do bem e eixo do mal), Bush massacrou mulheres e crianças no Iraque com suas terríveis bombas. Por aqui, de forma mais suave, mas perversa, sob o pseudo manto do social entidades filantrópicas ganham recursos do governo e isenção fiscal para pouco fazer pelos necessitados.

PILANTROPIA II: A LBV, por exemplo, como revelou o jornal O Globo em extensa reportagem em 2001, sonegou milhões em contribuições previdenciárias e camuflava despesas desviadas sob falsos programas sociais. Enquanto isso, seu diretor-presidente nadava em suas piscinas em seis moradias de luxo.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O que há sob a cor da epiderme

Enquanto Osama vive refugiado provavelmente em cavernas nas escarpadas montanhas do Afeganistão, para frustração de Bush, que colocou grande parte de seus agentes secretos em seu encalce, oferecendo ainda US$ 50 milhões para quem apontar seu esconderijo, continua repercutindo em todos os meios de comunicação a eleição do jovem Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos.
Contrariando o que esperava o assassinado líder negro Martin Luther King (que um dia todos sejamos julgados pelo nosso caráter e não pela cor da pele), muitos aqui, ainda deslumbrados pelo espetacular fato histórico, dão exagerada importância à questão racial. Alguns mais enraizados nesse aspecto, talvez no fundo agasalhando um certo racismo às avessas, não perdem a oportunidade de alimentar um equivocado saudosismo ancestral, evocando e exaltando valores culturais da "Mama África".
A respeito, lembro-me de dois momentos que merecem uma aprofundada reflexão para melhor análise do registro histórico e percepção da dinâmica religiosa ao longo do tempo que dois grandes líderes negros expuseram sem nenhuma preocupação socilógica com os críticos de plantão e os radicais que não enxergam além da periferia da epiderme: Quando esteve na África com Mandela num grande evento político, o então presidente Bill Clinton, em nome de seu país, pediu desculpas aos africanos pelo longo período de escravidão. Mandela, com a pureza e a integridade de seu caráter, respondeu que não precisava, porque milhares de africanos foram mandados para a escravidão por seus próprios "irmãos" de cor. Outro fato aconteceu no Brasil com Desmond Tutu, quando, visitando a Bahia, foi levado a centros de candomblé, naturalmente para saber que as raízes africanas continuavam ainda vivas em outro continente. Mas ele simplesmente, como cristão, disse que vários países africanos já haviam deixado de fazer sacrifício de animais em suas reverências espirituais. Quer dizer, já haviam abandonado rituais primitivos de seus cultos.
A escravidão é uma dolorosa mancha em nossa história e o racismo subjacente talvez se reflita de vez em quando por razão meramente pela rejeição social. Por outro lado, infelizmente, a decantada "Mama África", formada por muitos países, culturas e inúmeras etnias, não é hoje um exemplo de humanismo, pois a crueldade de muitos de seus ditadores não perdoa mulher e nem crianças, massacradas pela busca de poder e riqueza.
A gente sabe que a história narrada pelo dominador esconde valores e fatos importantes que enobrecem e enriquecem a vida do dominado, mas a opinião de uma autêntica líder comunitária como Tia Maria, fundadora do Império Serrano, coloca essa badalada questão racial, biombo para muitas tolices, num plano de grande percepção e sabedoria. No dia 20, Dia da Consciência Negra, em homenagem ao líder Zumbi, ela vai reunir a família no Império Serrano para uma festa. Mas foi logo avisando: "Esse negócio de dia do negro é besteira. Prova que o racismo continua. Por acaso, existe dia do branco?"
Então, como intelecto, ideologia, caráter e espírito não têm cor, há que se buscar outros conceitos e princípios para avaliar a importância e o valor de alguém. Aliás, no espírito de Martin Luther King, foi assim que Barack Obama enfatizava em seus discursos e desejava que todos os americanos o julgassem.

Em Tempo

FAUSTO DE SANCTIS: Parabéns a este juiz federal que, embora sob forte pressão dos poderosos, decidiu abrir de sua justa promoção a desembargador para levar à frente as investigações que vêm confirmando o envolvimento do banqueiro Daniel Dantas em lavagem de dinheiro, tentativa de suborno, evasão de divisas e fraudes fiscais, que vêm desde o governo FHC.

FAUSTO DE SANCTIS II: Melhor a honra do que a vaidade do cargo, deve gter pensado o juiz que enfrenta queda de braço com o ministro do Supremo Gilmar Mendes. Estranhamente, o ministro preferiu execrar publicamente o juiz e ficar ao lado do doloso banqueiro, a favor de quem concedeu dois pedidos de habeas corpus com uma incrível agilidade. Há coisa cabeluda por trás disso.

McCAIN: Ao falar em Barack Obama, veja nesta frase de McCain do que o já conturbado mundo se livrou: -"Os Estados Unidos são o farol e o líder do mundo. Podemos agir como bem entendemos: afinal somos o único poder da terra. Os inimigos de ontem e de hoje hão de temer o nosso porrete".
Pois é, eles já deram muitas covardes porretadas nos mais fracos. Mas do Vietnam, apesar de seu poderio bélico, o festejado "herói" McCain saiu humilhado, com o rabo entre as pernas.

PRÓSTATA: Assunto cada vez mais difundido e preocupante, mas que sempre escorrega para o humor entre grupos de amigos por causa do famigerado toque retal. Com tantas novidades que vêm surgindo, agora é o Instituto Nacional de Câncer (Inca) apresenta uma que deve levar alguns médicos a rever seus conceitos. O instituto desaconselha teste de PSA para próstata, alegando que o toque retal e a dosagem de PSA não têem base científica para redução da mortalidade pela doença.
CHUVA CASTIGA: Abençoada a chuva que cai sobre a terra, porque sem ela nossos rios secam e lavouras se perdem, mas se nos sentimos castigados pelas ruas cheias é porque as administrações municipais falharam, usaram mal o dinheiro. A desobstrução do canal da Linha Vermelha que está sendo feita agora já era para ter sido concluída há muitos anos. Mas o ex-prefeito preferiu gastar mais de R$ 30 milhões no tal Parque da Cidade, que o povo não frequenta.

RETORNOU: Está de volta ao seu gabinete o prefeito Riverton, certamente com muitos abacaxis para descascar. Tem pela frente mais quatro anos, agora contando com a ajuda do PT para acabar de uma vez com o arcaico modelo de gestão tão criticado na Câmara Municipal pela vereadora Marilena Garcia, hoje vice-prefeita eleita.

CLICK MACAÉ: Numa primeira análise, há sinal de que Walter Bonifácio está sendo alvo de uma covarde campanha de difamação pela Internet, pois o anonimato esconde a identidade de alguém tentando comprometer seu excelente trabalho de comunicação e sua credibilidade, envolvendo inclusive funcionários da Petrobras em privilegiado tráfico de influência.
Com muita luta, habilidade e perseverança na criação e implantação de seu site, conquistando muitos clientes especiais, Bonifácio pode dizer à semelhança de César anunciando no Senado Romano sua vitória sobre Farnaces: Veni, vici, vici (cheguei, vi e venci). Bola pra frente, companheiro!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

I HAVE A DREAM

Complicado o processo eleitoral americano e tecnicamente muito atrasado o sistema de votação se comparado ao nosso, mas sua campanha política é bem mais envolvente, transparente e espetacular do que a brasileira. Lá, o arraigado puritanismo religioso influenciado pela doutrina calvinista assentada na disciplina, na vida regrada, afastada dos vícios e que via o trabalho e o lucro como virtudes afinadas com o divino, ainda está bem entranhado na tradição social. Assim como a liberdade, sacralizada sob inspiração da reforma luterana do “livre exame”, dá àquele país, com toda a hipocrisia dos tempos atuais e o racismo ainda resistente em alguns estados, a liderança mundial em todos os aspectos da vida. Há que se reconher isso, sua democracia funciona melhor.
E lá, não dá para pensar em partidos políticos e justiça eleitoral aceitando candidaturas, por exemplo, de Maluf, Jerominho, Carminha Jerominho, Álvaro Lins, Collor de Mello, Renan Calheiros e muitos outros notórios currículos que envergonham a política nacional.
Mas se lá os negros vêem agora uma parte do sonho do reverendo protestante Martin Luther King se realizar com a eleição de Barack Hussein Obama, aqui nossa trôpega democracia já deu também sinal de mudança com a eleição de um pobre retirante nordestino, metalúrgico, de voz rascante, sem atração física (chamado por Brizola de sapo barbudo) e nenhum diploma universitário, para raiva, embora dissimulada, dos maquiavélicos conservadores de direita.
Bush, como o incendiário Nero da antiga Roma, só fez mal ao mundo com sua política hegemônica, que a pretexto de combater o terrorismo e defender as liberdades democráticas montou uma grande farsa, repetindo muitas vezes na imprensa, ao estilo do nazista Goelbs, que o Iraque era um perigo à paz mundial com seu arsenal de armas de destruição em massa. Por isso enriqueceu sua indústria bélica despejando toneladas de bombas sobre um sofrido povo tutelado pela sanguinária ditadura de Saddam Hussein.
Com Obama na Casa Branca dá para acreditar que o diálogo entre as nações será restabelecido e que o princípio da autodeterminação dos povos vai entrar na pauta política externa americana. Que a Cuba de Fidel, num futuro talvez não muito longe, terá espaço no mercado e que na base militar de Guantánamo não haverá mais torturas, que seus muros, como o de Berlim, poderão ser derrubados e, quem sabe, seu domínio devolvido à Cuba.

EM TEMPO

O SUTIÃ E O CARRO: Depois de Lula dizer que “todos têm o direito de comprar seu carrinho e o primeiro sutiã”. Agora é o governador José Serra anunciando a liberação de crédito de R$ 4 bilhões para as montadores de automóveis e aproveitnado para estimular consumidor a comprar carro. Bem, de sutiã não preciso, mas para comprar carro na atual situaço é preciso ter peito.

PRÉ-SAL: Como as variações na bolsa, a euforia com a ainda incerta extensão e profundidade de óleo na camada pré-sal leva algumas autoridades a especular com valores cada vez mais altos. A primeira avaliação a Petrobras presumia entre cinco e oito bilhões de barris, depois a ANP subiu para 20 e agora já fala algo em torno de 50, podendo chegar a 100 bilhões, colocando o Brasil entre os países de maior reserva. Se é para acalmar o mercado nervoso e animar especuladores, neste momento de crise, não sabemos, mas as ações da Petrobras subiram.

PRÉ-SAL II: Tais avaliações têm fundamento, porque a medição da profundidade do reservatório já atingiu a 280 metros e não chegou ainda ao fundo. Para se ter uma noção do que isso significa, basta dizer que o óleo da Bacia de Campos fica concentrado em poços com profundidade entre 10 e 40 metros.

DIZIAM OS ANTIGOS: Reino que se divide não subsiste. Mas parece que os três pilares que sustentam nossa frágil democracia não se dão conta disso. Estão brigando entre si por causa do conhecido banqueiro Daniel Dantas, que aprofundou seu aprendizado em clássicos golpes de colarinho branco no governo FHC, em lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

DIZIAM OS ANTIGOS II: Lamentavelmente, é da mais alta corte que, talvez por excesso de autoridade, certa dose de soberba, vaidade ou atitude voluntariosa, o espírito de harmonia e de independência entre as instituição está perigosamente entrando em processo de desagregação, e isso publicamente exposto. O ministro Gilmar Mendes (STF), de forma inusitada, concede liminar liberando Daniel Dantas da prisão, desautorizando o juiz federal Fausto de Sanctis e pondo em dúvida excelente trabalho da Polícia Federal. Depois, com apoio dos demais ministros, impede a PF de colocar algemas em bandidos exaustivamente investigados e com provas cabais de envolvimento em falcatruas. Agora, além de mandar investigar a vida de juízes de primeira instância a pedido do ministro Peluso, inverte a ordem de valores, orientando juízes a não mais citarem nos processos o nome das operações da PF, boicotando a genial criatividade dos homens da lei. Só que, neste caso, com a discordância dos sensatos ministros Carlos Ayres Britto, Marco Aurélio Mello e Carmen Lúcia.

ALDEIA GLOBAL: Os fabulosos meios de comunicação realmente transformaram o mundo numa aldeia global. Para quem quer se comunicar e dispõe dos meios, a Internet chega à mais íntima privacidade, no quarto ou na sala de qualquer um sem romper as trancas. O GPS já não deixa mais ninguém perdido ou isolado em qualquer canto do planeta. Mas, neste mundo de dualidade e relatividade, o que é bom pode ser ruim, depende de quem está por trás.

ALDEIA GLOBAL II: Mas apesar de tantos meios disponíveis e de tanta comunicação, essa geração dos fio pendurado na cabeça e fone no ouvido (iPod) caminham como robôs, olhar distante e divagando pelas ondas portadoras da música. Em casa, mas fora do lar, da relação afetiva com os seus, são extensão do computador e, refugiados em seu mundo como autistas, não querem ninguém por perto, atrapalhando. No futuro, essa geração do iPod vai encher os consultórios médicos para tratar de seus ouvidos moucos.

AS DÚVIDAS NO RETORNO: Ainda sob licença por 21 dias para um merecido descanso, o recém-reeleito prefeito Riverton Mussi Ramos é aguardado com certa apreensão em alguns setores. Embora não tenha índole vingativa e seja muito paciente, pessoas próximas afirmam que essa eleição lhe deu mais maturidade para entender melhor o jogo político, as fraquezas humanas e perspicácia para saber separar o joio do trigo. O momento para ele fora do burburinho administrativo é de profunda reflexão.

SONHO ADIADO: O sonho do jovem Aluízio Jr. foi de ser médico para salvar muitas vidas. E isso foi uma maravilha para sua família e seus conterrâneos. E como salvar vidas tem uma ampla dimensão social, ele viu que a política é um potente motor para gerar excelentes mudanças na administração pública de uma cidade, na vida da pessoa tomada isoladamente e na sociedade como um todo. Por isso, embora sabendo que o universo político é um campo minado e que exige boa dose de resignação, resolveu ele pôr em risco seu nome e privacidade assumindo o desafio de dúvida e sentir no calor da panela a real extensão de sua aceitação popular.
Feliz com a espetacular reação eleitoral, dr. Aluízio está aí com outdoors dizendo que “O sonho da mudança foi apenas adiado”. Sua expressiva votação o credencia a disputar qualquer representação política. Já no próximo ano começam os entendimentos para 2010: federal ou estadual? Seus eleitores estão ávidos para saber, certamente afinados com o que certa vez disse Abraham Lincoln: -“Quando um grupo evolui, todos os demais evoluem”.


AGORA SIM: No canal que separa os bairros Visconde e Miramar do centro da cidade, nas décadas de 50 e 60 muitos pescadores como Arenari, Alan Birosca, Armandinho Solon, Bebeto Bacelar, Baeca, Guilherme Barbante e outros iam pegar piabas, excelente isca para a pesca de robalo que abundava em nosso rio, em pontos bastante freqüentados como a murada da Rua da Praia e as pedras da Pororoca.
A cidade cresceu e, na falta de rede de esgoto e com o constante lançamento de óleo pelas firmas, o canal acabou se transformando numa cloaca a céu aberto. Demonstrando falta de conhecimento técnico, o secretário de obras do ex-prefeito, que esteve doze anos no poder, instalou uma dispendiosa bomba de sucção no Botafogo que de nada adiantou, por causa das manilhas de pequeno diâmetro existentes nas várias passagens de nível. Agora, o prefeito Riverton está retirando essas manilhas para uma solução definitiva.

OS HERÓIS: Visto pelos conservadores como o mais experiente e profundo conhecedor de política externa por ser considerado um grande patriota herói de guerra, McCain já vinha pondo as unhas de fora em campanha, ao propor a exclusão da Rússia do G-20.
Como piloto de um poderoso caça, despejava toneladas de bombas napalm sobre pobres vilas de vietnamitas. Embora derrubado e preso, não foi fuzilado. Treinados nas mais famosas academias e dispondo do que havia de mais sofisticado em tecnologia bélica, mesmo assim sairam do Vietnam com o rabo entre as pernas, derrotados por raquíticos vietcongs, enfiados em estreita rede de túneis, sob o comando do genial Giap.

HERÓIS: Foram Nelson Mandela, enfrentando o violento racismo dos brancos, a tortura e 28 anos de prisão, para finalmente ser o primeiro presidente negro da África do Sul; herói foi Mahatma Ghandi, que libertou seu país do perverso e poderoso domínio inglês apenas com a força de seu espírito, a firmeza de seu caráter e de sua pregação pela não violência; herói foram os negros assassinados e mortos pela Ku Klux Klan como em fogueiras da inquisição; heróico foi o discurso do pastor protestante Martin Luther King com seu sonho de que “um dia os negros americanos seriam julgados pelo seu caráter e não pela cor de sua pele”.

O VELHO DISCURSO: Apesar de mostrar de mostrar agilidade em adotar medidas para salvar bancos, empresas, indústria e ainda liberar recursos para garantir a futura safra agrícola, a oposição, sem nada consistente para reclamar, critica o governo Lula pelos gastos. O mesmo aconteceu com Roosevelt em 1933, quando estabeleu o New Deal e lançou seu plano de obras públicas, criando muitos empregos. Seus opositores protestaram contra o crescimento do gasto público. Aqui, eles não querem que o governo abra vagas de trabalho para o funcionamento expansão do ensino público e de centenas de escolas técnicas e Senai em construção e implantação.
Não elogiam o governo pelos 1,9 milhão de empregos criados com carteira assinada em apenas nove meses deste ano, enquanto FHC só conseguiu 1,8 milhão em seus oito anos.

OS AFOITOS: A economista Conceição Tavares chamou de “malandros” os exportadores que especularam com o dólar na expectativa da valorização do real. Lula chegou a culpá-los pelas dificuldades que o país atravessa, acusando-os de entrar na “jogatina” para ganhar ainda mais no mercado de derivativos (contratos futuros), mas que deram com os burros n`água. É a ganância do livre-mercado que o capitalismo estimula, porque capitalista e especulador não têem pátria.