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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

GÊ SARDENBERG

Descendente de suíços-franceses que aportaram no Brasil na época do Império, Gê Sardenberg (1900-1961) nasceu no Sana, onde seus pais possuíam três propriedades que produziam café e banana em abundância. Depois de casado com Regina Figueiredo, de tradicional família macaense, foi residir em Carapebus na década 30, então terceiro distrito de Macaé, dedicando-se ao plantio da cana e à criação de gado, destacando-se na comunidade em razão de sua formação cultural-religiosa, com profunda visão humanista e preocupação com o desenvolvimento e o bem-estar da comunidade.

Lutou bravamente no Sindicato dos Plantadores de Cana da região reivindicando preço justo pela tonelada de cana fornecida, contra o longo atraso nos pagamentos efetuados pela usina e ainda em busca de recursos creditícios das instituições financeiras, que olhavam com mais interesse os pleitos do poder capitalista dos usineiros.
Justamente por esse seu empenho, mesmo com a grande prole de nove filhos para cuidar e seus pesados afazeres com a atividade rural, foi eleito vereador no final da década de 50, quando essa atividade política não era remunerada e não estava ainda contaminada pelos conchavos que envolvem interesses subalternos e que hoje denigrem a imagem dos legislativos em todo território nacional.

Cultor das artes literárias, quando apresentou projeto para criação de uma biblioteca na Câmara para consulta, foi criticado com desdém por um dos colegas, que considerava o assunto sem importância.

Mas o município, muitos anos depois, reconheceu seu esforço e a dignidade de seu trabalho, dando seu nome à praça que embeleza hoje o Palácio Legislativo e que acaba de receber uma grande restauração/reforma e um novo sistema de iluminação, iniciativa do presidente da Casa Paulo Antunes, inaugurada pelo prefeito Riverton Mussi, vereadores e grande comparecimento popular.

ORÇAMENTO DE MACAÉ PASSA DE UM BILHÃO

A equipe técnica comandada pelo secretário de Planejamento Sérgio Martins mostrou tanta confiança no avanço da economia municipal e brasileira que teve a ousadia de prever o orçamento municipal para 2010 na ordem de R$ 1,21 bilhão, um acréscimo de ....% em relação ao de 2009, que coloca Macaé, com cerca de 175 mil habitantes, como um dos mais maiores arrecadadores de recursos do país.

Em seus cálculos para chegar a esse expressivo valor, o secretário estimou que o preço do barril de petróleo deverá oscilar entre US$ 70 e US$ 90, possibilitando ao município uma injeção de recursos (royalties) da ordem de 40% nesse orçamento. Os 60% restantes serão de arrecadação própria. Os gastos com a folha de pagamento não de verão passar de 36%, ou seja, R$ 432 milhões.

Entre os investimentos, o prefeito Riverton Mussi destaca o projeto Águas Limpas, orçado em R$ 45 milhões; a construção de escolas na periferia, para que até 2011 todas estejam funcionando em horário integral de ensino, como era sonho do educador Darcy Ribeiro com os Ciep`s; saneamento e saúde também terão prioridade. O Veículo Leve Sobre Trilho e a nova rodoviária talvez fiquem para 2011.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Em tempo

FRESCURAS DO CAETANO: Certamente para ter mais visibilidade se fazendo de polêmico, o baiano Caetano Veloso ataca de iconoclasta, tentando atingir duas personalidades de grande vulto no mundo das artes e da política. De forma um tanto raivosa, diz que o cineasta americano Woody é homofóbico e hétero, grave defeito para ele. Em relação à Lula, não poupa adjetivos, chama-o de analfabeto, grosseiro, cafona, bravatista e autoritário. Talvez se veja como a grande diferença intelectual e política que o mundo ainda não percebeu e precisa consagrar. No fundo, pode ser uma profunda mágoa não resolvida, quem sabe, na entranha d`alma, um vil sentimento de inveja de Gilberto Gil, que Lula fez ministro.

MISTURA EXPLOSIVA: É juntar desembargadores, vinho, bicheiro, samba e sentenças negociadas. O jornal O Globo, certamente muito bem embasado, cita nominalmente a composição desse artefato que explode no ambiente atapetado dessas figuras chamadas de excelências. Segundo a matéria, até o prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto Baltazar, teve sentença negociada em seu favor quando candidato.

MISTURA EXPLOSIVA II: Não dá aceitar que a liturgia do cargo, a dignidade da instituição e a credibilidade nas decisões sob o manto da justiça possam estar envolvidas com bicheiros, políticos corruptos e lobistas refinados, especialistas em oferecer jantares sofisticados, com inebriantes e caros vinhos, a suas excelências.

ALIENAÇÃO UNIVERSITÁRIA: A reitoria da Universidade Bandeirante (Uniban) procurou a solução mais simples e, pressionada, teve que anular a decisão de expulsar a estudante que foi cruelmente hostilizada pelos colegas por usar um curto vestido. “Estupra, estupra!” – gritavam alguns deles. Só que além das belas coxas da jovem que afrontaram a “sensibilidade moral” dos universitários há algo mais profundo a ser discutido pela reitoria, professores e alunos. Ora, em se tratando de nível superior, havia uma maneira sutil e educada de abordar a jovem sobre sua irreverente exibição estética.

ALIENAÇÃO II: A reação raivosa, à beira de um linchamento, mostra que a universidade está falhando, porque há um vácuo ou um fundamentalismo subjacente entre conhecimento intelectual e cultura que precisa ser ocupado com atitudes mais nobres. Mais do que as coxas da loura está em questão o comportamento inaceitável dos jovens burgueses que, talvez no íntimo do quarto, sejam viciados em sites pornográficos. Era dessa forma que a Inquisição encontrava respaldo para levar os chamados “hereges e feiticeiros” à fogueira.

OS GAZETEIROS: Antonio Carlos (DEM), neto do falecido ACM, corregedor da Câmara, defendeu os deputados gazeteiros denunciados pelo O Globo no jornal de domingo 8/11, alegando não haver irregularidade alguma, porque “nesses dias (quintas, como é praxe a fuga logo após registro de presença) não há votação nominal”. Se o jovem corregedor entende que não há irregularidade bater o ponto e receber pelo dia não trabalho fica evidente que ele não sabe o que é correição e, talvez pelo “vício da amizade”, nem tenha autoridade para por ordem na Casa.

OS GAZETEIROS II: Só para lembrar: determinado professor numa faculdade de Direito tinha por hábito dar presença a certos alunos faltosos. Um deles cometeu um crime no horário de aula desse “mestre” e, suspeito, juntou em sua defesa a presença registrada no diário. E aí?

LEI NO PAPEL: Não basta que a Câmara Municipal tenha aprovado e o prefeito de Macaé sancionado lei que regula o serviço de publicidade volante na cidade. Pelo barulho que se ouve, ninguém foi orientado a respeito dos limites dos decibéis permitidos. E o serviço de trânsito, além das multas aplicadas, deveria também fazer alguma coisa em relação aos motoqueiros e suas motas com descarga aberta.

20 ANOS DA DERRUBADA DO MURO DE BERLIM

A derrubada do Muro de Berlim em 1989 e a derrocada da União Soviética depois de longos 70 anos de uma revolução comunista que não conseguiu levar a classe trabalhadora ao Paraíso, para frustração de fieis seguidores do pensamento marxista, mostram que toda ideologia, por mais atraente e humanista que pareça , vai acabar se perdendo ao cercear o sagrado direito do homem à liberdade e ao contraditório.
Quando da polêmica eleição de Fernando Collor, uma afronta ao pensamento de esquerda ainda sem espaço na redemocratização do país, arrisquei-me, indignado e pela primeira vez, ao ensaio literário que segue abaixo:

MUROS DA VERGONHA
Derrubaram muros lá fora
Abriram caminhos afora
Deixando o povo curtir
A esperança fraterna do ir e vir

Na liberdade da fronteira
Passos alegres e firmes
Alinhavam com novo tecido humanístico
Rasgos da burocracia totalitária estatal

N`além manha comunista
Com uma glasnost de vida
Novos horizontes pintam
Um quadro surrealista

Aqui, na democracia do Cone Sul
A liberdade capital expõe no mural da vida
Quadros de fome, miséria e violência
E mantém o analfabeto para o domínio do voto

Quantas torres de marfim erguidas
Encastelam a burguesia feliz
Onde o povo não consegue subir
Nem em sonhos na escalada social

Liberdade, liberdade,
Quanta crueldade em seu nome
Quantos muros sociais dividindo
Quantas muralhas maciças massacrando

Até quando suportaremos tamanha vergonha
De tanta democracia com muros tamanhos
De ter o paradoxo da liberdade econômica matando
E uma elite impune cada vez mais ficando

Derrubemos o muro da pátria
Arriemos a bandeira da nação
Ensarilhemos as armas da opressão
E façamos todos a humanização.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PARA ONDE VAMOS?

Foi o título do maciço tijolaço que o ex-presidente Fernando Henrique plantou na edição de domingo (1/11) no jornal O Globo, onde se aninha a tropa de choque do pensamento crítico da direita, atordoada e encostada nas cordas pelos indefensáveis ganchos de esquerda desferidos pelo governo Lula.

Não são exatamente as pessoas de bom senso, com diz FHC, que haverão de se perguntar: “para onde vamos?”. Ora, não é necessário ser sociólogo ou refinado marqueteiro para explicar a razão pela qual o ex-torneiro-mecânico tem 80% de aprovação popular e ainda, de lambuja, ser o mais elogiado presidente entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Isso incomoda, irrita e causa inveja aos políticos do DEM e do PSDB que, sem rumo e angustiados, como antigos pagãos gregos em Delfos, devem ter procurado seu oráculo FHC para uma resposta à crucial indagação às portas da disputa eleitoral: “afinal, para onde vamos, sagrada pitonisa?”

Dois fatos importantes deixaram os oposicionistas grilados com Lula: ao contrário de outros presidentes vizinhos, não se deixar seduzir pelo poder e de se influenciar pela popularidade, resistindo à tentação de um novo mandato, não seguindo o exemplo de FHC; outro, de fundamentação nacionalista, seguir lutando pela preservação da riqueza do pré-sal, ao contrário do que FH fez com a tal flexibilização da Petrobras, atendendo interesses de multinacionais.

Na contramão da evolução econômica do país e certamente para perplexidade do empresariado que vem recebendo forte apoio e incentivo do governo, FHC, como naja indiana, destila seu veneno. Ataca os movimentos sindicais, acusa os fundos de pensão de se tornar instrumento de poder político e coloca como um alerta à maluca hipótese de o PT pretender estabelecer no Brasil uma espécie de subperonismo lulista, uma idéia que se camufla com a sedutora e, às vezes, hilariante forma de o presidente se comunicar, como gosta o povão, atropelando o formalismo dos acadêmicos.

Bem, como bem disse o deputado petista José Eduardo Martins Cardoso, “a inveja é um sentimento humano e, como tal, deve ser compreendida. Esse artigo (de FHC) é mais para ser lido no divã de um analista do que por um cientista político”.

E a caravana continua passando, levando como passageira, para horror deles, uma ex-guerrilheira rumo ao Planalto, com a matilha correndo atrás em altos latidos tentando alcançaá-la. Se a resposta do oráculo às apreensões da direita é aquela que saiu n`O Globo, vai continuar havendo choro e ranger der dentes entre os paladinos do neoliberalismo.