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segunda-feira, 27 de julho de 2009

DEPUTADO GABEIRA EM MACAÉ


À convite do diretório municipal do Partido Verde (PV), sob a liderança do médico Aloízio dos Santos Júnior, o deputado federal Fernando Gabeira fez palestra no auditório da Faculdade de Filosofia de Macaé (Fafima), abordando principalmente questões regionais e os graves problemas que atingem profundamente a credibilidade do Congresso Nacional.

Ao ver a expressiva afluência de jovens que lotaram o auditório e dos que ficaram no pátio de olhos num telão, Aloízio ficou animado e cada vez mais convicto de que um forte desejo de mudança está brotando com grande intensidade no seio do povo brasileiro, alertando sobre a necessidade de uma profunda reflexão sobre a questão ética e que a política, por seu abrangente poder, é ainda o meio mais importante para se conseguir isso, embora reconhecendo a educação como a mais significativa medida para as pessoas alcançarem a cidadania que liberta.

Gabeira abordou questões gerais, inclusive lembrando de seus dez anos exilado na Europa, sem conseguir vislumbrar um breve retorno, mas centrou seus enfoques nos descaminhos em que a política se enfiou e nas perspectivas regionais que devem ser vistas como um desafio. Ressaltou a importância de o político assumir publicamente o erro, de repará-lo e ter a humildade de pedir desculpa, como aconteceu com ele, ao se ver envolvido numa antiga prática comum no Congresso. Mas, ao criticar os maus políticos, lembrou que há, também, os maus eleitores, aqueles que continuam votando e eternizando no parlamento e nos governos aqueles que não querem mudar nada.

Em relação ao petróleo, disse que os municípios precisam lutar para começar a se libertar da dependência dos royalties, porque essa riqueza um dia, não se sabe ainda quando, chegará à exaustão, deixando um grande vácuo financeiro no orçamento público. O problema da insegurança nas cidades foi também alvo de suas observações, consequência do inchaço das favelas que se espalham pelas cidades do interior, em decorrência do tempo perdido na implantação de políticas voltadas para os excluídos do desenvolvimento social.

MATHIAS NETTO – UMA HISTÓRIA DE SUCESSO


Os tempos mudaram, e muito. Houve uma época em que ser professor era uma das profissões mais nobres, respeitadas e amadas na sociedade. Era visto como o “mestre”, tal a importância que se dava a quem educava, a quem se dedicava com carinho e idealismo a encaminhar a criança pelo bom caminho.


Lembrando desse tempo e com olhar crítico em relação aos dias hoje, quando alunos xingam, agridem e até ameaçam de morte seus professores, a fonoaudióloga, pesquisadora e mestre em Educação Marcia Mathias Netto Fleury foi lá no “baú de memórias da família” e trouxe a história de seu bisavô, Ignácio Giraldo Mathias Netto, poeta e talentoso educador que, como negro numa sociedade racista do século XIX, conseguiu romper barreiras do preconceito e se impor pelo seu talento e a seriedade com que se dedicava à educação, a ponto de, sem ter nascido em Macaé, ser honrado com seu nome dado ao principal educandário da região: “Escola Estadual Mathias Netto”.


Quem estiver interessado em viajar no tempo com a autora e conhecer fatos importantes da ousadia desse professor que foi vereador em Barra de São João e teve como aluno o presidente Washington Luis, o “Paulista de Macaé”, é só contatar o Instituto de História e Geografia de Macaé.






quinta-feira, 23 de julho de 2009

GAY TALASE E O DENUNCISMO IDEOLÓGICO

Assim como os gregos antigos em suas tertúlias filosóficas no areópago, sempre atentos e abertos às últimas novidades, aqui no cone sul as atenções voltaram-se para o jornalista e escritor americano Gay Talase, anunciado como o pai do new journalism, uma idéia que propõe um estilo mais leve, bonito e atraente na arte de escrever, fugindo do que é padrão hoje nos grandes jornais, a contundência do denuncismo em nome da transparência e da imparcialidade.

Entretanto, quem é politizado e acompanha com visão mais acurada os grandes jornais daqui sabe que há algo mais entranhado em seu jornalismo investigativo e nas análises de seus colunistas especiais, que tentam manter uma aparente isenção na abordagem dos fatos políticos e dos dados econômicos. O feroz ataque ao senador Sarney e sua família, por exemplo, tem um objetivo mais à frente, a disputa eleitoral que pretende trazer de volta a turma de FHC, uma figura política que se afina mais com os punhos rendados da elite afinada com o neoliberalismo ardorosamente defendido pelo falecido economista Roberto Campos (Bob Field), autor do volumoso “Lanterna na Popa” (de quem?).

Sarney político vem desde 1954, festejou e se deu bem na ditadura como parlamentar oligárquico e ampliou sua rede de negócios escusos e o compadrio quando presidente da República, sob o silêncio do sistema Globo. Toda sua prole ficou rica fazendo política de atrelamento ao poder, qualquer que fosse, ao longo de cinco décadas e meia, enquanto a miséria se expandia em seu Maranhão. Portanto, sua biografia, ou melhor, sua folha corrida é extensa e muito bem conhecida dos grandes jornais. Suas secretas falcatruas ganharam mais notoriedade agora, quando se coloca como aliado de Lula.

A liberdade e a imparcialidade do analista e do jornalista, atendo-se aos dados e aos fatos, têm seus limites e nuances estranhas, dependendo para quem eles deduzem e escrevem. Basta ver as conjecturas de Míriam Leitão sobre as ações do governo do ex-metalúrgico. Depois de Lula dizer que não lê sua coluna, em razão do habitual pessimismo, preferindo a de George Vidor (no mesmo jornal), ela passou a ser mais contundente e pessimista em relação a tudo o que a administração federal faz. O Banco Central reduz a taxa Selic para 8,75%, reflexo da tendência no avanço e equilíbrio da economia, mas ela prefere dizer que é ainda uma das mais altas do mundo, embora FHC tenha deixado o governo com 25% de juros. Merval Pereira segue a mesma linha, prevendo sempre dias nebulosos e sujeitos a tempestade. Para eles, não há nenhuma virtude, nenhuma atitude inteligente no governo, e alguma coisa boa que surge é obra do acaso, da conjuntura internacional ou herança do que foi feito nos oito anos de FHC. Toda medida tomada tem fundamentação populista, caráter protecionista ou equívocos que podem afetar o mercado no futuro. Na essência de suas matérias há o dolo, a intenção de desgastar a imagem política com vista a mais uma eleição. São piores do que aquele náufrago anarquista que chegou a nado na praia e perguntou: Hay gobierno? Soy contra. Mas a caravana segue e os latidos vão ficando cada vez mais distantes.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O PAPEL DOS PARTIDOS POLÍTICOS

A democracia, sob o espírito do Iluminismo revolucionário que demoliu, com muitas cabeças guilhotinadas, o perverso jugo da nobreza e do clero medieval, é um regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder. Portanto, não foi um sistema pronto, elaborado teoricamente pelo conhecimento enciclopédico de alguns, entregue como um pacote ao povo. Ermergiu da luta ao longo dos séculos e sua plenitude depende ainda de muitas conquistas, até que o povo possa, um dia, contar com representações autênticas, que reflitam realmente seus anseios e não a vontade da elite.

Daí a importância dos partidos para seu aperfeiçoamento e consolidação de suas bases, que pode ser através de leis e de um trabalho de conscientização política para elevar o nível de cidadania popular. Um exemplo, em se tratando de lei, seria impedir que parlamentares, em todos os níveis, se perpetuassem no exercício do mandato, evitando a cumplicidade corrupta que o deputado do castelo chamou de “vício da amizade”. Basta ver o mal que expressivo número de políticos, principalmente da herança maldita da oligarquia nordestina, faz ao país, seduzindo eleitores desavisados a cada eleição.

Com a tomada do poder, depois de vencer o capital das elites e superar em meio ao povo a imagem de partido radical, raivoso e despreparado para dirigir os destinos do país, esperava-se algo mais profundo por parte do Partido dos Trabalhadores (PT), como a grave e esquecida questão agrária e a preparação de nossa juventude excluída em estabelecimento de ensino integral, dentro da filosofia dos Ciep`s idealizada por Darcy Ribeiro e iniciada por Leonel Brizola, que nem o ex-governador Garotinho e sua esposa Rosinha foram capazes de manter e expandir.

Dos governos passados, de 64 para cá, não se esperava nada, a não ser o inchaço das cidades, com sua periferia abandonada e onde milhares de crianças, atraídas e violentamente controladas pelo poder do tráfico, já não entendem mais o que significa futuro. Mas o que fazem as células do PT, que são os diretórios espalhados pelo país, em termos de propagação de suas idéias e doutrina para mudar, na prática? Ora, não basta tomar o poder, é preciso saber o que fazer com ele, acreditar no que se propaga e meter mãos à obra, refletindo sinceramente no que diz o teatrólogo Antunes Filho: - “Ser contemporâneo é ter percepção de como está o país. Não é possível existir democracia sem consciência e nem ter consciência sem cultura”. E não basta também, como bem disse o líder e poeta angolano Agostinho Neto sobre a inautenticidade e os desvios de seus liderados: -“Não basta que a nossa causa seja justa e pura, é preciso que a justiça e a pureza existam dentro de nós”.

EM TEMPO

METENDO A MÃO: Na semana passada fizemos comentário sobre o barulho que as motos andam provocando no meio ambiente, sugerindo ao Detran local mais rigor na liberação das licenças. Agora estamos vendo que alguns funcionários tinham assunto mais importante para continuar se ocupando. A eficiente Polícia Federal, depois de longa investigação sob o comando do delegado Elias Escobar com a “Operação Ponto Zero”, acaba de desbaratar quadrilha formada por funcionários do Detran, da Mactran, do Jari (Junta Administrativa de Recursos e Infrações) e um ex-guarda municipal que vinha lesando os cofres públicos com anulação de multas e emissão de Carteira Nacional de Habilitação.

GANANCIOSOS: Em sua obra “O Capital”, Marx já falava na metade do século XIX sobre a perversidade do capitalismo, quando aborda a “mais valia”. Em 1929, uma crise abalou seus alicerces, levando muitos de roldão. A 2ª. Guerra salvou a economia americana. Agora, uma nova crise surgiu com a orgia financeira impulsionada pela euforia do exaltado neoliberalismo, o tal mercado livre, sem o controle do Estado, como propunha Adam Smith em “A riqueza das nações”, no século XVIII.

E IRRESPONSÁVEIS: Os propagadores do estado mínimo, como o falecido economista e deputado Roberto Campos, lutava pela privatização de nossas principais estatais. Antes visto como um ameaça ao país, na visão dos dirigentes da Fiesp, hoje Lula tem sido elogiado pelas medidas tomadas e ainda se sente com autoridade para alfinetar: -“ Se não fossem os malandros dos exportadores fazendo jogatina, o Brasil não estaria passando por uma crise de crédito”. E os demais especuladores?

ROYALTIES: A polêmica sobre a exploração das reservas do pré-sal rola e os prefeitos da região estão apreensivos quanto a destinação dos royalties, porque corre sugestão de que esse expressivo recurso fique com o governo federal, sob a alegação de que os administradores municipais não têm sido zelosos em sua aplicação. Estão usando os royalties para inchar o serviço público com contratações provisórias.

DEU EM NADA: A reunião de cúpula do G-8 terminou sem chegar ao ponto “G”, sem produzir os esperados efeitos especiais sobre o meio ambiente. E parece que vai continuar naquela incômoda situação: “não fornica e nem sai de cima”. Talvez o momento mais interessante tenha sido aquele insinuante olhar (já explicado) do Barack para o traseiro da jovem brasileira. Será que até nessa questão planetária vamos continuar aparecendo mais de costa?

CAIXAS-PRETAS: Confirmando o que suspeitava, a França informa que encerrou as buscas pelas caixas-prestas do A-330, sem encontrá-las. Há muito mais coisas no ar do que nossa vã filosofia, como dizia Shakespeare. Esse acidente deixou em dúvida a confiança que se pode depositar no complexo sistema de computação dos aviões, cada vez mais sofisticado, quase substituindo a intervenção dos pilotos. As caixas-pretas iriam expor suas falhas e isso não convém o público saber. É coisa para ser pesquisada, sob sigilo, pela empresa.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

MICHAEL SILENCIA NA SOLIDÃO

A intolerância racial nos Estados Unidos e a truculência do pai que o usava para auferir prestígio e riqueza, fizeram muito mal à alma do menino prodígio Michael Jackson. Sua arte, inigualável, exibida nos palcos para multidões embevecidas, foi o único refúgio onde, em momentos de êxtase, podia esquecer as mágoas e as dores que trazia na alma.

Sob uma questão fenomenológica radical e trágica, no dualismo do ser e do parecer, Michael não foi capaz de estabelecer seus fundamentos ontológicos, porque, profundamente afetado pelo perverso preconceito da cor da pele e pelas feições de sua face negra, preferiu buscar no bisturi um perfil afinado com os valores da sociedade branca, descaracterizando sua origem, eliminando os traços que a natureza lhe deu. Ser negro, de nariz achatado e cabelos enrolados era feio, fora do padrão de beleza estabelecido. Como se vê, o elegante e exímio dançarino e cantor não foi dado à reflexão, à busca da consciência, o “para-si” sartreano que poderia preparar seu espírito para nadificar as coisas, os valores impostos.

Multidões aplaudindo, shows, projeção e muita riqueza levaram o fenômeno da música pop a buscar nas drogas prescritas alívio para seu cansaço, suas dores e as tormentosas dúvidas da alma aguçadas pela solidão. Sempre fugindo do enfrentamento consigo mesmo, nada melhor do que a letargia, o congelamento do pensar.

Os filhos que deixou, talvez de um pai desconhecido que lhe vendeu os sêmens, são agora alvo do interesse da mãe, que deseja sua guarda, depois de já tê-la vendido por oito milhões de dólares. Basta ver as feições das crianças brancas, sem nenhuma característica genética de seus ascendentes, que ele renegou. Não seguiu o exemplo de muitos outros negros autênticos e brilhantes em outras artes que resistiram à opressão e exclusão social.

Lá se foi para a sepultura o maior astro de todos os tempos, que mexeu com o mundo, fez brotar lágrimas de jovens e adultos, mas que, lamentavelmente, sua refinada arte não foi capaz de manter a família unida, em estado de graça pelo seu sucesso. Na “terra do nunca” ficou o sonho de ser eternamente Peter Pan, um menino cheio de vontade de ser uma criança para sempre amada. Afinal, Black or White ?

Em tempo

VEREADORES X PETROBRAS: O que estão esperando os vereadores de Macaé, Carapebus e Quissamã? A petroleira já informou que tem cerca de R$ 5 bilhões para investir em biocombustível. Não seria uma excelente oportunidade de levantar dados consistentes e subsidiar a empresa para avaliar a possibilidade de reativar as duas usinas de açúcar existentes na região? O etanol poderia ser uma alternativa à dependência dos royalties.

ENQUANTO ISSO: Chineses já estão se instalando em São João da Barra, com muitos bilhões previstos em investimento. Jovens da cidade, sonhando com um bom emprego, estão eufóricos com possibilidade de estudar mandarim com uma professora chinesa que veio de São Paulo para abrir um curso.

MAIS VEREADORES: Assunto polêmico e que não tem apoio do povo, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça a emenda que aumenta o número de vereadores no país, retroagindo a 2008. No bojo, foram definidos percentuais no repasse dos recursos das prefeituras às câmaras, tomando como base a população de cada município. A de Macaé, com cerca de 180 mil habitantes, deverá chegar a R$ 60 milhões anuais o repasse. Como se vê, nenhuma preocupação com a redução de gastos.

TERCEIRO MANDATO: Com alta cotação popular, de causar inveja à oposição, Lula decidiu não copiar a malandragem do ex-presidente Fernando Henrique e sua troupe, que conseguiram alterar cláusula constitucional para ganhar o segundo mandato. Lula não seguiu a onda de outros líderes latinos e jogou brasas nos pés daqueles que não acreditavam em suas afirmações.

SENADO X SENADOR: Quando Sarney, do alto de suas botas de oligarca maranhense, ridiculamente diz que há gente querendo desmoralizar a instituição, é sinal de que os longos anos (desde 1954) de sua vida política não foram suficientes para saber diferençar a instituição do belo projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. Ora, são os senadores e a ordem prescrita que dão existência à instituição. Então, são eles, e não a imprensa, que podem dar dignidade ou má fama à Casa. A culpa é de quem perpetua essa gente no poder.

O OUTRO LADO: Diante do desconhecido, da morte que a todos iguala, não importa a riqueza do caixão e a imponência do túmulo, o homem se mostra sensível, humano, capaz de gestos de ternura. Durante a vida, não foi bem isso que Michael Jackson viu em seus 50 anos.

BARULHO: Além de cobrar o IPVA e atualizar a situação de veículos, o setor em Macaé poderia colaborar com o meio ambiente. As motos são as que mais incomodam com suas descargas abertas, porque os jovens não têm preocupação com os ouvidos dos outros e acham lindo zoar por aí. Mais rigor na hora do emplacamento seria ótimo. A população agradeceria.

NOSSOS DEPUTADOS: Alguém aí sabe o que Macaé já ganhou com nossos representantes na Assembleia e na Câmara Federal? Pelo menos nos gastos com eles já temos uma noção, pois com um deputado federal nós, contribuintes, pagamos R$110 mil por mês e com um estadual e seus privilégios talvez uns R$50 mil mensais. Somando, nossa capenga democracia já queimou com os dois cerca de R$ 6 milhões. Seis anos e meio de um e dois e meio do outro. Não valem quanto pesam. Quem pode avaliar melhor é o prefeito Riverton.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

LULA PROVOCA MAL-ESTAR

Fica cada vez mais evidente o mal-estar que o Presidente Lula causa à oposição e à grande imprensa conservadora. Seus representantes no Parlamento (PSDB e DEM) e a elite que sempre esteve à frente do poder não conseguiram ainda entender como um pau-de-arara vindo da rústica caatinga, um simples torneiro-mecânico sem educação formal superior e com aquela antiga imagem de sindicalista barbudo, revoltado e agitador, possa ser elogiado e prestigiado por instituições econômicas e altas autoridades e lideranças políticas mundiais em razão de seu estilo flexível e humano de governar, o “cara” que, apesar da crise que levou nações desenvolvidas ao fundo do poço, conseguiu estabelecer sólidos fundamentos que protegem hoje seu país e ainda garantir o alimento na mesa de milhões de famílias que sobrevivem nos rincões e na periferia das cidades.

Apesar das ácidas ironias de comentaristas e analistas de direita daqui, Lula ainda pode falar com autoridade e orgulho que “nunca antes na história deste país” a taxa de juros básicos tenha chegado a um percentual tão baixo como agora (9,25%) e, num momento de quebradeira geral, ainda liberar US$ 10 bilhões de empréstimo ao famigerado FMI, que tanto combateu nas manifestações sindicais de rua.

E enquanto o governador paulista, José Serra, diz que a administração do presidente é equivocada, assim como a grande imprensa faz tudo para desgastar sua imagem, a britânica revista “The Economist” diz que “o Brasil foi um dos últimos países a entrar em recessão e poder estar entre os primeiros a sair dela”. Tal percepção se coaduna com o efeito “marolinha” da crise que Lula, em seu estilo irreverente leve e solto, havia previsto para tranquilizar o “senhor” mercado, já que o país dispunha de uma reserva de mais de US$ 200 bilhões e o BNDES com recursos suficientes para socorrer empresas e investir em infra-estrutura, além de poder flexibilizar políticas fiscal e monetária para estimular a atividade comercial e a produção.

Mas nossos analistas econômicos, apelidados por Lula de palpiteiros, viam nessa postura apenas arrogância, apostando numa profunda recessão e numa contração de 2,5% do PIB no fechamento do trimestre. Erraram feio, pois foi de apenas 0,8%, sinalizando que o meio empresarial e o mercado, vencido o medo, passaram a acreditar que o governo não estava blefando. A revista britânica, pelos dados que acompanha, acredita também nisso, enquanto os seguidores de FHC só têm olhos para 2010, quando tudo farão para pegar novamente o poder, com o terrível medo de ver Dilma Rousseff chegar lá e, evocando seus ideais guerrilheiros, impor um estilo mais duro em relação à corrupção e aos privilégios da atrasada oligarquia política que domina o Congresso.

EM TEMPO

GAROTINHO: O ex-governador troca novamente de sigla. Como nuvens no céu que mudam de posição, cor e forma, essa é a quinta quinada que dá em sua história política, passando pelo velho PCB, PT, PDT, PMDB e agora PR, com pretensão de disputar novamente o governo do Estado e de se aproximar de Lula. Também querendo mudar de camisa, o vereador Chico Machado (PPS) concedeu-lhe o título de mérito político, com apoio unânime daqueles que há pouco tempo execravam o ex-governador. Estranhamente, na apreciação da matéria, além de elogios a Garotinho o presidente Paulo Antunes PMDB) pediu para incluir também no projeto o título de cidadania macaense. Para compensar, a ex-vereadora petista Ivânia Ribeiro foi também agraciada com a mesma honra, concedida por Danilo Funke (PT).


ANTUNES X MACHADO: Por enquanto, Macaé terá dois candidatos a deputado estadual: Chico Machado talvez correndo pelo PPS e Paulo Antunes vem pelo PMDB, apoiando a reeleição de Cabral, enquanto Chico apóia Garotinho. Para Federal Adrian Mussi segue na linha pedetista. Será que desbancam Glauco Lopes e o pai Sylvio?



FRASE: “Os políticos e as fraldas devem ser mudadas frequentemente e pela mesma razão.” Eça de Queirós


PREFEITURA: A prefeitura de Macaé fez uma mexida em alguns setores da área administrativa que chega a elevar em cem por cento proventos de muitos servidores. Enquanto isso, na iniciativa privada a ordem é a austeridade absoluta e a otimização dos recursos para manutenção do emprego. O exemplo deveria ser objeto de reflexão por parte dos mais de 2 mil prefeitos que participarão da XII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios nos próximos dias 14,15 e 16. E como o tema é “Alternativas para Superar a Crise”, acreditamos que a maior parte delas pode ser colocada em prática na própria maneira de administrar. É mais uma questão endógina. É preciso fazer o dever de casa.

SARNEY: Desde 1954, aprendendo com os coroneis da oligarquia nordestina como se dar bem na política, o senador José Sarney educou seus familiares no pragmatismo, que considera o valor prático como critério da verdade. Mimético, sempre aderiu ao poder, mesmo na ditadura, a quem serviu com total subserviência, e ainda veio a ser o presidente da abertura democrática.

SARNEY II: Presidente do Senado pela terceira vez, acomodou onze parentes na instituição e ainda ajudou a inchá-la com inúmeros cargos dados a amigos. Exposto à execração pública, suas mãos tremem ao dizer que a culpa pelas mazelas criadas não é dele, mas do Senado. Ele faz parte dos trezentos picaretas que Lula, como deputado federal, chegou a apontar como entrave.


SARNEY III: Ele merece, mas o peso, a contundência e a insistência das críticas que os grandes do jornais lhe fazem tem, por tabela, um objetivo maior: desgastar Lula, que tem acordo com o PMDB. Não podendo enfrentar o corporativismo e o utilitarismo dos picaretas, Lula teve que se aliar a eles para fazer fluir seus projetos.


VIRGÍLIO: Do alto de sua propalada postura ética, ansioso por abrir a “caixa-preta” da Petrobras, o senador também está envolvido na maracutaia criada pelo diretor Agaciel. Lotado em seu gabinete, o pai de um amigo e três filhos dele, sendo que um é fantasma, pois mora nos Estados Unidos. Imagine se esses políticos estivessem gerenciando a Petrobras.


VIRGÍLIO II: Com a crista baixa, o senador amazonense (PSDB) ainda tenta exibir mãos limpas, ao dizer que vai abrir seu sigilo bancário e que entrará com representação no Conselho de Ética contra si próprio. Mas confessa:-“Cometi uma idiotice, uma imbecilidade, um gesto paternal equivocado”. Antes, com sua costumeira arrogância, chegou a impor: -“O presidente Sarney tem duas escolhas: romper com essa gente ou cair com essa gente”. Ele faz parte também dessa gente.


DIPLOMA: Fez bem o Supremo Tribunal Federal acabar com a exigência do diploma de jornalismo. Afinal, não é ele que dá a alguém o dom da escrita ou a arte de expressão capaz de atrair o leitor. A profissão não põe em risco a segurança das pessoas. Para os excessos cometidos sobre questões morais, éticas e econômicas há leis que garantem o direito de defesa e ressarcimento. Além do mais, fica a critério da direção do jornal escolher quem está apto ao exercício da profissão. Quem tem o privilégio de cursar uma faculdade está muito mais preparado para competir no mercado.


POR FALAR NISSO: Enquanto a internet abre as portas para milhões de pessoas espalhar notícias e assuntos variados pelo mundo, grandes e famosos jornais e revistas americanos e europeus estão cortando despesas para se manter. Só na Inglaterra. foram fechados 70 no ano passado. A crise não é só por falta de recursos. É que o mundo está mudando com a tecnologia.


LEMBRANDO: O Brasil verdadeiro é muito recente, vem de apenas 200 anos, pois começou mesmo com a fuga da corte para cá, trazendo imensa biblioteca, instalando o Banco do Brasil, criando a Imprensa Régia (ainda que fosse a voz do poder) e abrindo os portos às nações amigas. Mas os filhos da elite política, agrária e militar que sustentava o poder eram mandados para Portugal estudar Direito na universidade de Coimbra. Com isso, surgiu o poder cartorial e o domínio da terra, da justiça e do parlamento, com a política do café-com-leite, São Paulo e Minas se revezando na velha República, até a revolução liderada por Getúlio.


MAS VEJA SÓ : A rigor, só há menos de 90 anos o Brasil começa, e de maneira lenta, a se preocupar com a formação técnica. Basta dizer que na década de 40 o governo teve que estimular a reação popular e os políticos nacionalistas na campanha pelo “petróleo é nosso”, apoiando a decisão de criar a Petrobras em 1954, contrariando os entreguistas que faziam coro com os americanos, que pressionavam e colocavam seus geólogos na imprensa para dizer que aqui não havia o precioso óleo.

MAS VEJA SÓ II: Apesar da discutível qualidade do nosso ensino hoje, o país pode se regozijar com a competência de milhares de engenheiros, geólogos e técnicos nas mais variadas especialidades, competindo com os países desenvolvidos. Só com a instalação da Petrobras em Macaé na década de 70 e o avanço de seu processo exploratório é que as autoridades da região viram que não havia mão-de-obra suficiente com formação técnica para atender esse segmento. Apesar disso, o poliglota e emérito sociólogo e presidente Fernando Henrique, pensando como os antigos políticos da velha República, baixou uma lei, apoiado pelo seu PSDB e o PFL (DEM), proibindo a criação de escolas técnicas no Brasil. MAS VEJA SÓ III: Até 2002 havia 140 escolas técnicas no Brasil. O ex-torneiro mecânico Lula assume o poder e derruba essa perversa lei de FHC em 2005. Hoje, com o PAC, projeta o investimento de R$ 1 bilhão para a expansão dessa rede escolar, devendo construir e aparelhar 214 delas até o fim do governo.