INSPIRADOS NO POETA CASIMIRO DE ABREU
A educadora Helena Sardenberg e fotógrafa Susanne Reimann, felizes pelos bons resultados |
Acompanhado do fotojornalista Armando Rozário, estive no final de semana em Barra de São João, na casa onde viveu Casimiro de Abreu, hoje transformada num museu sob a diretoria de Célia Azevedo, à margem do Rio São João, que preserva o acervo do poeta romântico em devaneios chorosos pela “infância querida que os anos não trazem mais”. E foi ali que encontrei jovens estudantes, inspirados no poeta das “tardes fagueiras, dos sabiais nas laranjeiras”, expondo suas criações poéticas exaltando a natureza e a mostrando preocupação com sua preservação.
E foi ali também que vi duas mulheres felizes com o resultado do seu trabalho, jovens que se descobriram capazes de colocar suas ideias e traduzir seus sentimentos em forma poética, além de exercitar o espírito crítico e olhar sua terra com outra visão. São duas mulheres apaixonadas pelo desenvolvimento cultural: uma, a suíça Susanne Reimann, dedicada à arte fotográfica e à luta pela preservação ambiental; a outra, Helena Sardenberg, uma educadora que, mesmo depois de aposentada, continua envolvida com a arte de lapidar inteligências e fortalecer personalidades em formação. Susanne, poliglota e também pianista, com vasta biblioteca em sua casa, resolveu deixar o frio de sua bela Suíça e vir morar aqui nos trópicos, escolhendo a simplicidade e o bucolismo de Barra de São João, sempre tentando, com pouco sucesso, sensibilizar a alma dos políticos locais para um importante trabalho de propagação turística com sua arte. Daí surgiu a ideia da professora Helena se juntar a ela e realizar projetos em conjunto, como esse.
Armando Barreto - Esse projeto de vocês com os estudantes tem um nome interessante, Oficina de Redação, que dá ideia de provocar e dar trabalho à cuca na arte de pensar, não é isso?
Helena Sardenberg - É isso mesmo. Iniciamos em 2009, com a proposta de estimulação ao desenvolvimento de atividades em leitura e escrita, de uma forma bem dinâmica. Assim, esse trabalho pretende algo abrangente, o direcionamento do olhar para a atualidade, o resgate de fatos históricos, sociais e culturais, bem como o estímulo à discussão de temas variados e o trabalho com a ampliação e a síntese de textos, a análise crítica, a autocrítica e a produção pessoal. O objetivo geral é valorizar o empenho pessoal na criação de textos, trabalhando forma e conteúdo, de maneira integrada e harmônica, mantendo o interesse e a qualidade da produção do participante da Oficina de Redação.
AB - Então, além do enriquecimento pessoal, isso tem muito a ver com a comunidade.
Helena - Isso mesmo, temos objetivos específicos, como a afinidade com a comunicação e o cuidado com a oralidade e a escrita, a fim de qualificar toda e qualquer situação da vida cotidiana.
A oficina mantém um intercâmbio constante e estimulador entre todos os participantes, estando aberta durante o período de março a dezembro, na Biblioteca Municipal Carlos Drummond de Andrade. A freqüência é às 2as. 3as. feiras, no período das 11h30min às 14h30min, com atendimento a três grupos diferentes (2º grau). É um trabalho voluntário que atende, gratuitamente, a qualquer pessoa que queira efetivamente participar. Por acreditar que a educação e cultura fortalecem os vínculos entres as pessoas, as épocas e os saberes, entendemos que é possível a criação de verdadeiras comunidades de ensino-aprendizagem, organizadas e implementadas, com o intuito de ampliar o mundo para todo aprendiz.
A oficina mantém um intercâmbio constante e estimulador entre todos os participantes, estando aberta durante o período de março a dezembro, na Biblioteca Municipal Carlos Drummond de Andrade. A freqüência é às 2as. 3as. feiras, no período das 11h30min às 14h30min, com atendimento a três grupos diferentes (2º grau). É um trabalho voluntário que atende, gratuitamente, a qualquer pessoa que queira efetivamente participar. Por acreditar que a educação e cultura fortalecem os vínculos entres as pessoas, as épocas e os saberes, entendemos que é possível a criação de verdadeiras comunidades de ensino-aprendizagem, organizadas e implementadas, com o intuito de ampliar o mundo para todo aprendiz.
AB - Mas, sem apoio financeiro efetivo, como vocês se viram?
Helena - Estamos ainda capengando em termos financeiros para outras ousadias que temos em projeto. Por exemplo, a Suiça tem grande interesse em apoiar projetos culturais e de preservação ambiental. Como Susanne é de lá e tem contato com entidades daquele país, esperamos que com a Sociedade Cultural Suíça-Brasil vamos abrir um canal que irá nos ajudar, principalmente depois que Susanne enviar o material do trabalho que vimos realizando com grande sucesso.
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VIDA ( Airton Clercq de Almeida / 17 anos)
A vida é como um rio:
sempre há interferências em seu trajeto.
É, às suas margens,
que se veem as consequências.
Quando nos acomodamos,
nossa vida sofre uma estagnação.
É para que saibamos que, uma vez ou outra,
teremos que diferenciar nossas ações.
A água que banha um,
outro não banha.
Não é possível voltar ao passado
e revivê- lo.
Uma vez,
tendo a nascente sido prejudicada,
prejuízos se espalharão por todo o rio.
Assim, também, é na vida.
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EU E O RIO (Claudio Verli de Almeida / 42 anos)
Ele sempre se renova
trazendo alegria ou tristeza por onde passa.
O seu caminho é nostálgico.
Sento-me na ribanceira
vendo que divide, impondo fronteiras,
sem que, com isso, tome partido.
Pelo contrário,
tal mãe entre dois filhos,
não faz distinção.
Cruzo-o em meu percurso.
Minha impetuosidade
desrespeita as fronteiras impostas.
Tem anos de existência e eu, poucos.
Os antigos retratam-no com reverência,
sinalizando nossa dependência.
Dessa época para cá,
alguma coisa mudou (e muda).
Mergulhar em seu ser traz novidade.
Em seu curso,
vejo uns a favor e outros contra.
É certo nas suas idas e vindas:
ora traz, ora leva; ora enche, ora esvazia.
Há importância nesse leva e traz.
Permite-me comparar
com o curso da minha existência:
ora doce, ora salgado; ora cheio, ora vazio.
Mas... estamos vivos!
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ENCONTRO COM O RIO (Thayná de Almeida Ferreira / 16 anos)
Sentada no banco, à margem do rio São João,
debaixo da sombra de uma aroeira,
envolvida pelos seus galhos repletos
de pequeninas frutas de um tom vermelho-escuro,
sinto-me em comunhão com a natureza.
Comparo minha vida com o rio.
Às vezes, ele está calmo, outras, agitado.
Tem hora que não se movimenta
nem para trás, nem para a frente.
Nunca é o mesmo; está sempre mudando.
Quando sento à beira do rio,
busco apreciar cada movimento, cada detalhe:
a água, a vegetação, os animais.
Fico feliz por estar nesse lugar
que, a tanta gente, encanta.
O rio é como nossa vida,
sempre traz novidades.
Mesmo que não encontre algo diferente,
busque ir mais longe, cada vez mais...
Veja a vida com um novo olhar.
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RIO SÃO JOÃO (Luiz Sergio Gomesm / 53 anos)
Maravilhoso rio São João.
Revela exuberância e beleza
da nascente até à foz.
Idas e vindas das marés,
as intempéries ao longo dos anos.
Nada lhe tira o vigor.
Inconsequentes, mesquinhos e gananciosos,
desnudam-no,
retirando-lhe a mata ciliar, seu mangue e seus bichos,
aterrando-o com dejetos.
Berçário de múltiplas espécies
que ao homem apetece;
suas águas nos dão de beber e nos alimentam.
Há tempos, o rio clama:
"Muitas espécies dependem de mim;
já não me respeitam mais.
Deixem-me viver !
Quem sabe, um dia, poderemos coexistir ?"
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A NATUREZA TOMA O CONTROLE (do ponto de vista de uma janela)
(Lucas Leal da Silva Cavalcanti / 19 anos)
Eis a reação da natureza
quando o homem invade o seu espaço.
Por mais que me abata,
e ainda que agora
meu canto não fora respeitado,
e, contudo, meu interior fique abalado,
cheguei à conclusão:
tomarei o controle.
Avanço, sorrateiramente,
mais discreta que a gente
que tanto me destroçou.
Assim, digo que a desculpa acabou.
E, portanto, invado sem piedade.
Com minha intrusão, mostro a verdade,
mesmo que resulte em danos,
e os homens, enfim, "entrem pelos canos".
Não há maIs tempo a perder:
a retomada começou.
O verde toma o lugar do concreto.
No começo, acham bonito
o tanto que valoriza o local.
Mas o que parecia uma maravilha,
toma-se por praga.
E a retomada - enfim - acabou.
O equilíbrio é inevitável.
A opinião externa é suportável.
No meio do caos,
uma pequena clareira: a janelinha.
A natureza, por deixar a brecha,
que emerge tão rápido como flecha,
que não tarda a perguntar:
- Será que ainda é um bom lugar para morar ?
************************************************************************
À BEIRA DO MAR (Welerson da Silva Hermógenes / 17 anos)
Um homem solitário a pescar.
Esvazia a mente
ao olhar para o mar.
Vendo aquela imensidão,
reflete sobre o seu dia
e sente um pouco de alegria.
Paciente, espera pegar um peixe.
Mas percebe que, se não cuidar do mar,
peixe algum irá pescar.
Isso desperta o homem
para novos aprendizados
que não podem ser perdidos.
A vida é como um rio:
sempre há interferências em seu trajeto.
É, às suas margens,
que se veem as consequências.
Quando nos acomodamos,
nossa vida sofre uma estagnação.
É para que saibamos que, uma vez ou outra,
teremos que diferenciar nossas ações.
A água que banha um,
outro não banha.
Não é possível voltar ao passado
e revivê- lo.
Uma vez,
tendo a nascente sido prejudicada,
prejuízos se espalharão por todo o rio.
Assim, também, é na vida.
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EU E O RIO (Claudio Verli de Almeida / 42 anos)
Ele sempre se renova
trazendo alegria ou tristeza por onde passa.
O seu caminho é nostálgico.
Sento-me na ribanceira
vendo que divide, impondo fronteiras,
sem que, com isso, tome partido.
Pelo contrário,
tal mãe entre dois filhos,
não faz distinção.
Cruzo-o em meu percurso.
Minha impetuosidade
desrespeita as fronteiras impostas.
Tem anos de existência e eu, poucos.
Os antigos retratam-no com reverência,
sinalizando nossa dependência.
Dessa época para cá,
alguma coisa mudou (e muda).
Mergulhar em seu ser traz novidade.
Em seu curso,
vejo uns a favor e outros contra.
É certo nas suas idas e vindas:
ora traz, ora leva; ora enche, ora esvazia.
Há importância nesse leva e traz.
Permite-me comparar
com o curso da minha existência:
ora doce, ora salgado; ora cheio, ora vazio.
Mas... estamos vivos!
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ENCONTRO COM O RIO (Thayná de Almeida Ferreira / 16 anos)
Sentada no banco, à margem do rio São João,
debaixo da sombra de uma aroeira,
envolvida pelos seus galhos repletos
de pequeninas frutas de um tom vermelho-escuro,
sinto-me em comunhão com a natureza.
Comparo minha vida com o rio.
Às vezes, ele está calmo, outras, agitado.
Tem hora que não se movimenta
nem para trás, nem para a frente.
Nunca é o mesmo; está sempre mudando.
Quando sento à beira do rio,
busco apreciar cada movimento, cada detalhe:
a água, a vegetação, os animais.
Fico feliz por estar nesse lugar
que, a tanta gente, encanta.
O rio é como nossa vida,
sempre traz novidades.
Mesmo que não encontre algo diferente,
busque ir mais longe, cada vez mais...
Veja a vida com um novo olhar.
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RIO SÃO JOÃO (Luiz Sergio Gomesm / 53 anos)
Maravilhoso rio São João.
Revela exuberância e beleza
da nascente até à foz.
Idas e vindas das marés,
as intempéries ao longo dos anos.
Nada lhe tira o vigor.
Inconsequentes, mesquinhos e gananciosos,
desnudam-no,
retirando-lhe a mata ciliar, seu mangue e seus bichos,
aterrando-o com dejetos.
Berçário de múltiplas espécies
que ao homem apetece;
suas águas nos dão de beber e nos alimentam.
Há tempos, o rio clama:
"Muitas espécies dependem de mim;
já não me respeitam mais.
Deixem-me viver !
Quem sabe, um dia, poderemos coexistir ?"
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A NATUREZA TOMA O CONTROLE (do ponto de vista de uma janela)
(Lucas Leal da Silva Cavalcanti / 19 anos)
Eis a reação da natureza
quando o homem invade o seu espaço.
Por mais que me abata,
e ainda que agora
meu canto não fora respeitado,
e, contudo, meu interior fique abalado,
cheguei à conclusão:
tomarei o controle.
Avanço, sorrateiramente,
mais discreta que a gente
que tanto me destroçou.
Assim, digo que a desculpa acabou.
E, portanto, invado sem piedade.
Com minha intrusão, mostro a verdade,
mesmo que resulte em danos,
e os homens, enfim, "entrem pelos canos".
Não há maIs tempo a perder:
a retomada começou.
O verde toma o lugar do concreto.
No começo, acham bonito
o tanto que valoriza o local.
Mas o que parecia uma maravilha,
toma-se por praga.
E a retomada - enfim - acabou.
O equilíbrio é inevitável.
A opinião externa é suportável.
No meio do caos,
uma pequena clareira: a janelinha.
A natureza, por deixar a brecha,
que emerge tão rápido como flecha,
que não tarda a perguntar:
- Será que ainda é um bom lugar para morar ?
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À BEIRA DO MAR (Welerson da Silva Hermógenes / 17 anos)
Um homem solitário a pescar.
Esvazia a mente
ao olhar para o mar.
Vendo aquela imensidão,
reflete sobre o seu dia
e sente um pouco de alegria.
Paciente, espera pegar um peixe.
Mas percebe que, se não cuidar do mar,
peixe algum irá pescar.
Isso desperta o homem
para novos aprendizados
que não podem ser perdidos.