CLÁUDIO ULPIANO, VIVO COMO NUNCA
No domingo passado (28/09), a jornalista Karla Monteiro fez matéria sobre ele na Revista O Globo, enfocando os anos 80 e 90, quando conquistou expressivo número de pupilos empolgados com sua forma descontraída e informal na abordagem de assuntos tão fascinantes e complexos para um mundo tão envolvido com banalidades e os fortes apelos do sensualismo da moda e do mercado.
Como Sócrates, que nada escreveu, Ulpiano se deleitava em falar, em expor, com excepcional fluidez, suas idéias e o pensamento dos principais filósofos, antigos e modernos, como Gilles Deleuze, por quem nutria profunda paixão. Por isso, para não perder nada do que o mestre expunha, muitos discípulos gravavam suas aulas em fita cassete. Graças a isso, um grande acervo ficou, possibilitando o resgate de muitas de suas lições agora divulgadas através da Internet pela sua ex-companheira Silvia e a enteada Renata Aguiar, que têm a intenção de transformar essas fitas em CDs.
Contagiados pelo espírito libertário e pelo profundo humanismo que passava, muitos de seus alunos se juntaram à Silvia e Renata e criaram o Centro de Estudos Cláudio Ulpiano, que já dispõe de um site com algumas de suas aulas (www.claudioulpiano.org.br) transcritas.
Para nós macaenses, principalmente aqui de O Rebate, é uma imensa alegria poder viajar com Claúdio no mundo das concepções filosóficas através da internet, lembrando dele no Belas Artes, na década de 60, com seu cigarrinho, sempre com um livro a tiracolo, degustando xícaras e mais xícaras de cafezinho. Depois dali, eu, Milbs e Eusébio, com ele caminhando no silêncio da madrugada pela Rua da Praia, íamos fechar a noite no Imperatriz, parada dos ônibus da Viação Santo Antônio.Para quem é amigo do saber e está a fim de aprofundar e burilar seus conhecimentos no estudo dessa ciência do pensar com liberdade, entre no site acima para se informar melhor. Não seria saudável e interessante se, a exemplo dos antigos filósofos gregos no areópago, formássemos um grupo para, talvez mensalmente, em qualquer ambiente agradável, até mesmo num pic-nic no campo, colocar em discussão os temas levantados por Cláudio? Que tal se Sandra Wyatt, Marilene Carvalho, Eleonora, Adriana Bacellar, Gerson Dudus, Fernando Marcelo, Ricardo Meireles e outros abraçasssem essa idéia, que também comportassem assuntos atuais desta sofrida cidade agredida pelo que chamam de progresso?