quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
A Constituição brasileira tem tudo aquilo que o cidadão comum necessita para se sentir inserido naquele princìpio de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e lutar para conquistar seu bem-estar social. Porém, entre a vontade do legislador contida na Carta Magna e a realidade só alguns são de fato mais iguais entre si. Exemplo: entre senadores, deputados, desembargadores e juízes a relação salarial é respeitada como algo sagrado. Suas excelências se sentem ofendidas em sua honra se a correção dos vencimentos não for de acordo com seu status, cálculos e a ansiedade capitalista do ter mais, enquanto professores, funcionários da administração e trabalhadores de um modo geral são forçados a fazer greve e, em última alternativa, ir às ruas reivindicar direitos e ainda ser vistos como baderneiros.
Veja a situação da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Não produz perfumaria, mas o saber que centenas de jovens estão ali para assimilar e assegurar seu futuro, só que se veem impedidos pelas paralisações constantes promovidas pelo corpo docente em luta por melhoria salarial. Como o governador e deputados (como nossos representantes Glauco e Sylvio Lopes) certamente não têm filhos estudando lá, cidade do interior distante da capital, não há forte motivo para preocupação, de imediato, com a aflição dos jovens sem aula. As promessas da recente campanha eleitoral de valorização da categoria são metas para longo prazo, talvez 2020. Como no tempo das cavernas, no confronto, o mais fraco sempre perde. Os Estados Unidos destruíram o Iraque, atacam o talibã no Afeganistão e quer invadir o Irã antes que construa sua bomba atômica, mas não faz ameaças à China e nem à Rússia, porque sabe que o buraco é mais embaixo. Assim também os deputados e magistrados, como têm “poder de convencimento”, se impõem e determinam eles mesmo o quanto fazem jus.
Sem nenhum dificuldade, com apenas uma votação, na quarta-feira 15 a Câmara Federal aumentou os salários de deputados, senadores e ministros em 61,83%, passando para R$ 26.723,00, somando-se aí as poplpudas vantagens e quinze salários anuais. Bem, agora vem o efeito cascata. Os deputados estaduais aumentando seus salários em até 75% dos do que ganharão os federais. Também os vereadores, que poderão, por lei, crescer seus vencimentos de 20% a 75% do que perceberão os estaduais. E o Judiciário, não vai fazeer o mesmo?
Certamente para melhor aparência de igualdade social, estão querendo agora acabar com o privilégio de cadeia especial para os que têm diploma superior, mas deixando de fora suas excelências do Judiciário, talvez porque eles se sentem mais especiais, semideuses moradores do sagrado Monte Olimpo, onde a liturgia do ambiente e do cargo exigem indumentária como vestes sacerdotais e, mesmo cometendo crime, não podem se misturar com a “raça inferior”. A Revolução Francesa conseguiu derrubar o poder dos aristocratas, mas o “data vênia” nas entranhas processuais ainda soa por aqui com ranço de subalternidade, pelo menos na cabeça de muitos jovens advogados.
Além da abissal diferença entre o salário mínimo e o maior salário no poder público, o “todos são iguais perante a lei” tem validade apenas no papel, porque quando um magistrado é pego em corrupção, a pena dele é vista pela plebe como um prêmio, a aposentadoria antecipada com todos os direitos salariais garantidos. Já os demais funcionários públicos perdem o emprego e ainda respondem na Justiça pelo delito. E assim caminha nossa democracia em busca da tão sonhada igualdade social.
MISTO QUENTE
FIM DA TAXA: Presentão de Natal! Finalmente, a Câmara de vereadores resolveu fazer justiça, aprovando lei complementar isentando o contribuinte da taxa de esgoto embutida no IPTU. A taxa de esgoto tinha peso maior no carnê do IPTU, cerca de 41%.
FIM DA TAXA II: Não satisfeito com a isenção apenas, o vereador Antonio Franco quer mais: que a prefeitura devolva o que foi pago por um serviço que até hoje não existe, o tratamento dos dejetos que ainda hoje são lançados no rio de forma in natura. Ou seja, pagamos para poluir o nosso rio, um gritante paradoxo, coisa inconcebível e inaceitável em qualquer civilização. A Justiça vai ter decidir. Um rombo que deve deixar o secrertário Cássio Ferraz Tavares de cabelos arrepiados. Para compensar, só uma atualização cadastral dos imóveis no município.
DIREITA SEM RUMO: Demorou séculos, mas sinais evidentes mostram que a direita entrou em decadência, embora ainda haja resquício de coronelismo no nordeste. Com duas derrotas consecutivas, entre PSDB e DEM políticos importantes querem abandonar o barco, procurar outro partido, enquanto outros se dividem em acusações, procurando culpados pelo fracasso. A ameaça de esquerda radical que havia no PT fundiu-se, como na China, com um capitalismo com enfoque no social. A direita envelheceu e agora está procurando novo rumo.
MALUF SOLTO: E além disso caminha para ficar com a ficha limpa, porque o Tribunal de Justiça de São Paulo o livrou de condenação por improbidade administrativa pela compra de frangos para a merenda escolar da empresa que ele, então prefeito, tinha com sua mulher Silvia. Só julgado agora, depois de quatorze anos, o caso ficou conhecido como “Frangogate”. O povo de São Paulo, que um dia elegeu o hipopótamos Cacareco e agora Tiririca, deu quase 500 mil votos a Maluf para deputado Federal.
FIM DA TAXA II: Não satisfeito com a isenção apenas, o vereador Antonio Franco quer mais: que a prefeitura devolva o que foi pago por um serviço que até hoje não existe, o tratamento dos dejetos que ainda hoje são lançados no rio de forma in natura. Ou seja, pagamos para poluir o nosso rio, um gritante paradoxo, coisa inconcebível e inaceitável em qualquer civilização. A Justiça vai ter decidir. Um rombo que deve deixar o secrertário Cássio Ferraz Tavares de cabelos arrepiados. Para compensar, só uma atualização cadastral dos imóveis no município.
DIREITA SEM RUMO: Demorou séculos, mas sinais evidentes mostram que a direita entrou em decadência, embora ainda haja resquício de coronelismo no nordeste. Com duas derrotas consecutivas, entre PSDB e DEM políticos importantes querem abandonar o barco, procurar outro partido, enquanto outros se dividem em acusações, procurando culpados pelo fracasso. A ameaça de esquerda radical que havia no PT fundiu-se, como na China, com um capitalismo com enfoque no social. A direita envelheceu e agora está procurando novo rumo.
MALUF SOLTO: E além disso caminha para ficar com a ficha limpa, porque o Tribunal de Justiça de São Paulo o livrou de condenação por improbidade administrativa pela compra de frangos para a merenda escolar da empresa que ele, então prefeito, tinha com sua mulher Silvia. Só julgado agora, depois de quatorze anos, o caso ficou conhecido como “Frangogate”. O povo de São Paulo, que um dia elegeu o hipopótamos Cacareco e agora Tiririca, deu quase 500 mil votos a Maluf para deputado Federal.
Marcadores: MISTO QUENTE
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
O WIKILEAKS AVASSALADOR E NOSSA DIPLOMACIA DO “B”
O site WikiLeaks, criação genial e corajosa do australiano Julian Assange, escancara a hipocrisia do paranoico poder dos Estados Unidos e leva muitas autoridades mundiais a ter que se explicar diante de seus governos em razão de incômodos comentários contidos em telegramas e relatórios enviados por embaixadores americanos a Washington, agora vazados. Essa janela escancarada ao mundo quebra o poder da imprensa comprometida e mostra a dupla face da diplomacia americana pelo mundo, prestando um grande serviço à humanidade. Segundo a filosofia de Julian Assange, é saudável e necessário aguçar o espírito crítico, duvidar sempre da autoridade, dos governos e das instituições, investigar o que elas estão pensando e fazendo. Aproxima-se dos anarquistas: “Hay gobierno? Soy contra”.
Então, quando vejo o jornal o Globo tentando ridicularizar nossa diplomacia, chamando-a de “diplomacia do B e terceiromundista”, por não se dobrar aos americanos, lembro da frase do então embaixador Linconl Gordon, questionado pela esquerda por seu apoio ao golpe militar de 64: -“Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses”. Não precisava ser tão incisivo, dizer abertamente, curto e grosso, o que a consciência nacionalista já sabia muito bem. Só O Globo, que logo depois ganhou financiamento do grupo Time Life para implantar sua televisão, apostava numa relação carnal com os Estados Unidos, por isso sempre tratou o governo Lula com desprezo e críticas violentas, como faz com Celso Amorim na Diplomacia.
WikiLeaks mostra que a Diplomacia americana, por baixo das formalidade, não passa de base de espionagem no mundo todo, como ficou evidente no golpe militar em 64 com a atuação do embaixador Linconl Gordon. Lembro de outra frase, agora dita por uma raposa política brasileira, Juraci Magalhães, num almoço no Hotel Glória, no Rio, em homenagem à Câmara do Comércio Americana, cerca de dois meses depois do golpe: -“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. O fotojornalista Armando Rozário, um chinês de Macau que estudou em Cambridge e escrevia no Macaé Jornal, estava lá fazendo a cobertura para o Jornal do Brasil ficou perplexo com a afirmativa, ainda por cima dita em inglês, para ficar mais clara a subserviência aos diplomatas e autoridades americanas, ali eufóricas com a homenagem.
De volta ao jornal, Rozário comentou com os colegas, que não acreditaram de plano. O assunto chegou à sala da Condessa Pereira Carneiro, que chamou Rozário para saber a veracidade da informação. Confirmado o fato, o Jornal do Brasil, depois de avaliar as possíveis consequências, em nome da até então liberdade de opinião resolveu enfrentar os riscos numa ditadura que já cassava políticos de esquerda e ameaçava jornais de fechamento, publicando com destaque o inusitado fato. O Globo, que nada publicou, tornou-se mais poderoso e o Jornal do Brasil, com uma bela história de independência por mais de um século, todos sabemos o que sofreu pelos anos seguintes.
Finalmente, um metalúrgico vindo da caatinga, sem nenhum diploma para lhe dar ares de intelectual, chega à presidência e vai aos Estados Unidos pela primeira vez, onde os americanos, certamente querendo causar embaraço e preocupados com o viés de esquerda de seu governo, logo lhe perguntaram: - “Qual a razão de se fazer acordo com a China?”. Sem se perturbar, o brilho da inteligência do ex-metalúrgico sujo de graxa, com sutil ironia lembrando Juracy Magalhães, deixa os “inquisidores” mudos: -“Eu não conhecia a China muito bem, até que o governo americano fez da China seu parceiro comercial preferencial. E eu pensei comigo mesmo: ora, se é bom para os americanos, deve ser bom para os brasileiros”.
O jornalista Carlos Castelo Branco, que manteve uma coluna no JB de 63 a 93, quando faleceu, fez um retrato do Brasil dependente em sua coluna, naquela época da diplomacia de punhos rendados em conluio com os americanos, dada a suntuosas festas regadas a finas bebidas e iguarias : -“O fato é que a crise de hoje é a crise de ontem: ontem, como hoje, o Brasil sempre foi uma empresa estrangeira de exportação de produtos tropicais... A crise que vivemos, fruto de uma conjunção política, econômica e social, tem um só nome: busca de autenticidade e unidade político-econômica para a população, para toda a população”. É exatamente o que o governo Lula começou a fazer no Brasil e deixa os grandes jornais de direita preocupados.
Então, quando vejo o jornal o Globo tentando ridicularizar nossa diplomacia, chamando-a de “diplomacia do B e terceiromundista”, por não se dobrar aos americanos, lembro da frase do então embaixador Linconl Gordon, questionado pela esquerda por seu apoio ao golpe militar de 64: -“Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses”. Não precisava ser tão incisivo, dizer abertamente, curto e grosso, o que a consciência nacionalista já sabia muito bem. Só O Globo, que logo depois ganhou financiamento do grupo Time Life para implantar sua televisão, apostava numa relação carnal com os Estados Unidos, por isso sempre tratou o governo Lula com desprezo e críticas violentas, como faz com Celso Amorim na Diplomacia.
WikiLeaks mostra que a Diplomacia americana, por baixo das formalidade, não passa de base de espionagem no mundo todo, como ficou evidente no golpe militar em 64 com a atuação do embaixador Linconl Gordon. Lembro de outra frase, agora dita por uma raposa política brasileira, Juraci Magalhães, num almoço no Hotel Glória, no Rio, em homenagem à Câmara do Comércio Americana, cerca de dois meses depois do golpe: -“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. O fotojornalista Armando Rozário, um chinês de Macau que estudou em Cambridge e escrevia no Macaé Jornal, estava lá fazendo a cobertura para o Jornal do Brasil ficou perplexo com a afirmativa, ainda por cima dita em inglês, para ficar mais clara a subserviência aos diplomatas e autoridades americanas, ali eufóricas com a homenagem.
De volta ao jornal, Rozário comentou com os colegas, que não acreditaram de plano. O assunto chegou à sala da Condessa Pereira Carneiro, que chamou Rozário para saber a veracidade da informação. Confirmado o fato, o Jornal do Brasil, depois de avaliar as possíveis consequências, em nome da até então liberdade de opinião resolveu enfrentar os riscos numa ditadura que já cassava políticos de esquerda e ameaçava jornais de fechamento, publicando com destaque o inusitado fato. O Globo, que nada publicou, tornou-se mais poderoso e o Jornal do Brasil, com uma bela história de independência por mais de um século, todos sabemos o que sofreu pelos anos seguintes.
Finalmente, um metalúrgico vindo da caatinga, sem nenhum diploma para lhe dar ares de intelectual, chega à presidência e vai aos Estados Unidos pela primeira vez, onde os americanos, certamente querendo causar embaraço e preocupados com o viés de esquerda de seu governo, logo lhe perguntaram: - “Qual a razão de se fazer acordo com a China?”. Sem se perturbar, o brilho da inteligência do ex-metalúrgico sujo de graxa, com sutil ironia lembrando Juracy Magalhães, deixa os “inquisidores” mudos: -“Eu não conhecia a China muito bem, até que o governo americano fez da China seu parceiro comercial preferencial. E eu pensei comigo mesmo: ora, se é bom para os americanos, deve ser bom para os brasileiros”.
O jornalista Carlos Castelo Branco, que manteve uma coluna no JB de 63 a 93, quando faleceu, fez um retrato do Brasil dependente em sua coluna, naquela época da diplomacia de punhos rendados em conluio com os americanos, dada a suntuosas festas regadas a finas bebidas e iguarias : -“O fato é que a crise de hoje é a crise de ontem: ontem, como hoje, o Brasil sempre foi uma empresa estrangeira de exportação de produtos tropicais... A crise que vivemos, fruto de uma conjunção política, econômica e social, tem um só nome: busca de autenticidade e unidade político-econômica para a população, para toda a população”. É exatamente o que o governo Lula começou a fazer no Brasil e deixa os grandes jornais de direita preocupados.